Resumo da notícia
- O fenômeno La Niña, mesmo de baixa intensidade, deve durar até o início do outono de 2026, impactando o plantio da soja e a segunda safra do milho no Brasil, com efeitos climáticos regionais distintos.
- Chuvas irregulares e temperaturas elevadas no Centro-Sul ameaçam a produtividade da soja e milho, enquanto Norte e Nordeste terão chuvas acima da média, beneficiando recarga hídrica e pastagens.
- A volatilidade nos preços dos grãos tende a aumentar, com possíveis quebras no Sul do Brasil e na Argentina, criando oportunidades para valorização e exportação brasileira.
- Especialistas recomendam estratégias integradas como travar preços, contratar seguros agrícolas e avaliar fixações cambiais para mitigar riscos e garantir estabilidade na safra diante do La Niña.
O fenômeno climático La Niña, embora de baixa intensidade, permanece com duração prolongada e acende um alerta para o agronegócio brasileiro. A atual configuração deve perdurar até o início do outono de 2026, impactando diretamente o plantio da soja e a segunda safra do milho.
Isabella Pliego, analista da Biond Agro, destaca que, mesmo fraco, o La Niña gera efeitos significativos devido à sua coincidência com um momento de transição climática e alta sensibilidade agrícola. “O potencial de duração amplia o impacto estratégico para a produção”, ressalta.
Modelos do CPC/NOAA indicam aproximadamente 55% de chance de transição para neutralidade entre janeiro e março de 2026. Os efeitos mais fortes devem ocorrer entre dezembro e fevereiro, fase crítica para o desenvolvimento da soja, milho e algodão.
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O fenômeno já apresenta sinais claros: o resfriamento do Pacífico, associado ao aquecimento anômalo do Atlântico Sul, reforça o padrão de chuvas irregulares e temperaturas elevadas no Centro-Sul, enquanto Norte e Nordeste devem receber chuvas acima da média.
Regiões
No Centro-Oeste e partes do Sudeste, a combinação climática tem favorecido a regularização das chuvas e temperaturas amenas, beneficiando o avanço do plantio da soja. Conforme dados do IMEA, Mato Grosso já semeou mais de 60% da área prevista em outubro, superando a média histórica.

Já o Norte e Nordeste devem observar melhora no recarregamento hídrico e recuperação das pastagens, enquanto o Sul do Brasil enfrenta chuvas irregulares e episódios de veranico, reduzindo a umidade do solo. A região sul, sobretudo Rio Grande do Sul e oeste de Santa Catarina, corre risco de queda na produtividade da soja e do milho de primeira safra, principalmente se as estiagens coincidirem com o florescimento e enchimento dos grãos.
A volatilidade dos preços no mercado de grãos costuma aumentar durante anos La Niña. Quebras no Sul do Brasil e na Argentina podem valorizar prêmios de exportação, abrindo oportunidades para o Brasil.

Para mitigar riscos, especialistas recomendam estratégias integradas, como travar preços gradualmente, contratar seguro agrícola nas áreas mais vulneráveis e avaliar fixações cambiais. “Equilibrar preço, câmbio, seguro e manejo garante estabilidade até o fim da safra”, orienta Pliego.
“O sucesso da safra depende do equilíbrio entre clima, manejo e gestão. Com informação e planejamento, o La Niña pode se transformar em oportunidade de eficiência e rentabilidade,” conclui a analista da Biond Agro.