Parceria entre blocos sul-americano e europeu criará zona de livre comércio para 300 milhões de pessoas e pode injetar R$ 2,69 bi no PIB brasileiro até 2044
Foto: divulgação - Mapa

Em cerimônia realizada no Rio de Janeiro, representantes do Mercosul e da Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA) assinaram um acordo de livre comércio que promete revolucionar as relações comerciais entre os blocos.

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O pacto, classificado como “histórico” pelo chanceler brasileiro Mauro Vieira, estabelece uma zona econômica com PIB agregado superior a US$ 4,3 trilhões.

O acordo une os quatro países do Mercosul – Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai – aos quatro membros da EFTA: Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein. Juntos, os oito países formam um mercado de quase 300 milhões de consumidores, abrindo acesso ampliado para mais de 97% das exportações entre as partes.

“Este é um acordo inovador que facilitará a aproximação entre os países signatários e futuros membros que possam entrar no Mercosul”, declarou o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, durante a cerimônia de assinatura.

Impacto bilionário na economia brasileira

Projeções econômicas indicam benefícios substanciais para o Brasil. Estudos estimam que, até 2044, o tratado poderá:

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  • Adicionar R$ 2,69 bilhões ao PIB brasileiro
  • Atrair R$ 660 milhões em novos investimentos
  • Elevar as exportações em R$ 3,34 bilhões

Os ganhos serão impulsionados pela eliminação integral de tarifas industriais já no primeiro dia de vigência do acordo, além de medidas para reduzir barreiras técnicas e sanitárias.

Pequenas e médias empresas no centro das oportunidades

O acordo foi estruturado com foco especial nas pequenas e médias empresas (PMEs), que representam a maior parte do tecido empresarial tanto no Mercosul quanto na EFTA. O pacto promete melhorar regras e procedimentos aduaneiros, gerando maior previsibilidade e segurança jurídica para negócios bilaterais.

Atualmente, a EFTA representa 1,54% das importações brasileiras e 0,92% das exportações do país. Em 2024, a corrente de comércio bilateral totalizou US$ 7,14 bilhões, com o Brasil exportando US$ 3,09 bilhões para o bloco europeu e importando US$ 4,05 bilhões.

O chanceler Mauro Vieira destacou que o acordo incorpora preocupações ambientais e de desenvolvimento sustentável, exigindo das empresas uma “integração verde” e produção energética sustentável. Esta abordagem alinha-se com as crescentes demandas globais por práticas comerciais responsáveis.

Próximos acordos no horizonte

O vice-presidente Geraldo Alckmin, presente na cerimônia, revelou que outras negociações comerciais estão em andamento. Segundo ele, as conversas para um acordo entre Mercosul e Emirados Árabes estão “bem adiantadas”, há possibilidades de linhas tarifárias com o México, e existe expectativa de selar o acordo Mercosul-União Europeia até o fim de 2025.

Apesar da assinatura, o acordo não entra em vigor imediatamente. O processo inclui:

  • Tradução do documento para todos os idiomas dos países envolvidos
  • Internalização através dos processos legislativos nacionais (no Brasil, aprovação pelo Congresso Nacional)
  • Ratificação e notificação mútua da conclusão dos trâmites
  • Entrada em vigor no primeiro dia do terceiro mês após notificação de pelo menos um país de cada bloco

Fortalecimento do multilateralismo

Para Alckmin, o acordo “celebra a força do multilateralismo” em um momento de crescentes tensões comerciais globais. Questionado sobre possíveis impactos do “tarifaço” americano, o vice-presidente classificou o acordo como “uma abertura de mercado importante”, embora tenha ponderado que a relação “não é assim tão simples”.

A cerimônia contou com a presença de autoridades de alto escalão dos oito países, incluindo os chanceleres argentino Gerardo Werthein, uruguaio Mario Lubetkin, o vice-presidente suíço Guy Parmelin e outros representantes ministeriais.

Principais setores beneficiados:

  • Exportações brasileiras: metais básicos, produtos vegetais e animais, alimentos
  • Importações da EFTA: produtos farmacêuticos, químicos, máquinas e equipamentos

Representatividade comercial atual da EFTA para o Brasil:

  • 1,54% das importações brasileiras
  • 0,92% das exportações brasileiras
  • US$ 7,14 bilhões em corrente de comércio (2024)