Resumo da notícia
- A Epagri realizou um Dia de Campo em Palmeira para mostrar aos agricultores da Serra Catarinense o cultivo de mirtilo como alternativa de renda, destacando a experiência da Palm Berries com produção orgânica e alta rentabilidade.
- A propriedade Palm Berries cultiva dois hectares com cerca de três mil pés de mirtilo orgânico, gerando até R$ 250 mil por safra, com comercialização em todo o Brasil e preços de até R$ 60 por quilo no varejo.
- O cultivo orgânico dispensa agrotóxicos e exige manejo manual simples, atraindo pequenos produtores que buscam diversificação da renda sem altos investimentos em maquinário ou insumos químicos.
- O clima da Serra Catarinense favorece a adaptação do mirtilo, que pode ser cultivado em áreas com ou sem pinus, tornando-se uma boa alternativa para aumentar a renda, gerar empregos e melhorar a qualidade de vida local.
A Epagri realizou na última semana um Dia de Campo em Palmeira, município de 2,7 mil habitantes localizado a 40 quilômetros de Lages. O evento reuniu agricultores de diversos municípios da Serra Catarinense interessados em conhecer o cultivo de mirtilo como alternativa de renda.
A iniciativa faz parte da estratégia da empresa de promover a agregação de valor e a viabilidade econômica dos empreendimentos rurais catarinenses. Durante o evento, produtores conheceram a experiência bem-sucedida da Palm Berries, propriedade comandada pelo fruticultor Celso Claudino e seu genro, João Carneiro.
Dois hectares geram até R$ 250 mil por safra com mirtilo orgânico
A Palm Berries ocupa apenas dois hectares entre as florestas de pinus da família. Nesta área, Celso e João cultivam cerca de três mil pés de mirtilo. Cada planta produz, em média, entre cinco e dez quilos da fruta por safra.
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A comercialização acontece em todo o Brasil. O produto alcança R$ 60 por quilo no varejo e R$ 30 no atacado, sem embalagem. “O pinus é uma cultura de longo prazo. Quem plantar agora vai começar a ganhar dinheiro em oito ou nove anos. O mirtilo é muito mais rápido. Se plantar agora uma muda boa, no ano que vem já pode colher”, explica João Carneiro.
O produtor reforça o potencial econômico da cultura: “Nosso projeto inicial era de dez toneladas por hectare. Se o produtor conseguir o mesmo, vai girar em torno de R$ 250 mil por safra”.
Cultivo orgânico dispensa agrotóxicos e facilita manejo
A dupla de produtores adota o sistema orgânico de produção. “Além de dar dinheiro, a cultura do mirtilo é muito prazerosa. É uma planta fácil de manejar. Como aqui não gostamos de veneno e fazemos tudo orgânico, é necessário fazer a roçada manual para manter o pomar sempre limpinho. Mas, no geral, não dá muito trabalho”, afirma o fruticultor Celso Claudino.

A simplicidade do manejo atrai especialmente pequenos produtores que buscam diversificar a renda familiar sem grandes investimentos em maquinário ou insumos químicos.
Clima da Serra favorece adaptação do mirtilo
A extensionista rural Maêve Silveira Castelo Branco, da Gerência Regional da Epagri em São Joaquim e líder do Programa Fruticultura na região, destaca a adaptabilidade da cultura ao clima serrano.
“Originalmente, o mirtilo provém da América do Norte, em regiões de sub-bosque, e existe em áreas de matas onde ocorre naturalmente o pinus”, explica Maêve. A especialista ressalta que a planta também se adapta facilmente a áreas sem pinus, pois o cultivo é bastante simples.

“Claro que tem algumas exigências, principalmente em relação ao solo e disponibilidade de água, mas é uma planta que pode se adaptar a pequenas e grandes áreas de cultivo. Por isso, é uma boa alternativa para diversificar a produção aqui na região, o que gera empregos, aumenta a renda e promove a qualidade de vida das famílias”, completa a extensionista.
Produtores viajam mais de 200 km para aprender sobre mirtilo
O sucesso da Palm Berries atrai agricultores de toda a Serra Catarinense. A agricultora Ana Claudia Wawrzyniak viajou mais de 200 quilômetros entre ida e volta para participar do Dia de Campo. Moradora de Cerro Negro, ela já produz pequenas frutas como amora, fisális e framboesa, além de uma quantidade ainda pequena de mirtilo.
“Atualmente, tenho 130 pés de mirtilo. Nesta visita a uma propriedade onde a atividade deu certo, pude aprender mais, e vou levar o conhecimento para aumentar minha produção”, conta Ana Claudia.
Pedro Donizete de Souza, secretário de Agricultura, Pecuária e Pesca da Prefeitura de Lages, participou do evento e demonstrou entusiasmo com a cultura.
“O mirtilo tem um potencial muito grande e é ideal para o pequeno produtor rural, pois é um trabalho que pode ser feito com a família. É uma alternativa de renda e que tem mercado. A atividade ainda está no início, mas já está dando muito certo e podemos ver os resultados na prática. Certamente toda a nossa região tem muito a ganhar com o mirtilo”, avalia o secretário.
O engenheiro-agrônomo José Márcio Lehmann, gerente regional da Epagri em Lages, destaca a importância institucional de eventos como o Dia de Campo.
“Neste caso, é o mirtilo, uma cultura nova, mas que já está dando resultado. Por isso a importância de oportunizar aos produtores a diversificação baseada no clima da região. A Epagri tem este papel institucional de levar à sociedade as várias possibilidades de cultura”, conclui Lehmann.