Pesquisadores da Unemat estudam o potencial terapêutico de óleos extraídos de subprodutos do jacaré-do-Pantanal
Foto: Divulgação - SOS Pantanal

Pesquisadores da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) estudam o óleo de jacaré-do-Pantanal (Caiman yacare), um subproduto do abate que pode ganhar nova função na saúde humana. A pesquisa, coordenada pelo professor Leandro Nogueira Pressinnotti e financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat), investiga se o óleo pode curar feridas, combater infecções e aliviar sintomas de depressão.

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“O jacaré-do-Pantanal é um legítimo animal pantaneiro. Ele é rústico e tolera condições bastante desfavoráveis. Nesse sentido, ele pode estar associado a micro-organismos potencialmente patogênicos aos humanos. Por isso, é necessário pesquisas sobre segurança dos extratos”, afirma Pressinnotti.

Equipe testa dois tipos de óleo com funções diferentes

A equipe da Unemat estuda dois tipos de óleo. Os pesquisadores extraem um tipo de óleo da glândula paracloacal, que pode ter ação antimicrobiana, e outro das vísceras, que não apresenta toxicidade comprovada. Além disso, eles testam se as substâncias retiradas de materiais descartados oferecem segurança em tratamentos humanos. Os cientistas também avaliam se o processo é economicamente viável.

Foto: Divulgação – Unemat

Segundo o pesquisador, os próximos passos da pesquisa incluem “a aferição de citotoxicidade e potencial de cicatrização in vivo por esses óleos”. O projeto conta com a colaboração dos mestrandos Lucas Polizzeli Azevedo e Natasha Rayane de Oliveira Lima, do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais (PPGCA) da Unemat.

Estudos ganham reconhecimento internacional

Os resultados já chamaram atenção fora do Brasil. Dois artigos científicos foram publicados — um na Science Direct e outro na Revista Ibero-Americana de Ciências Ambientais — destacando o avanço da bioprospecção brasileira, área que une biologia e economia na busca por compostos naturais com potencial terapêutico e farmacológico.

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Pesquisa valoriza biodiversidade do Pantanal

Embora seja um estudo de laboratório, o trabalho também representa uma nova forma de enxergar a fauna pantaneira. Por isso, o que antes seria rejeito agora pode se transformar em remédio, cosmético ou esperança. Além disso, a equipe acredita que o uso sustentável dos recursos do bioma valoriza a biodiversidade do Pantanal e abre novas frentes de pesquisa em saúde pública e produtos naturais.

A natureza, afinal, guarda nas escamas do jacaré uma receita ancestral para curar feridas que a ciência humana ainda tenta cicatrizar.