Resumo da notícia
- Parceria entre Cecafé e Emater-MG visa transformar a cafeicultura brasileira com foco em sustentabilidade e combate às mudanças climáticas, alinhada ao tema da OIC para 2025 de colaboração na cadeia produtiva.
- Projeto implantará Unidades Demonstrativas no Sul de Minas e Cerrado Mineiro para testar cultivo de plantas de cobertura, técnica que melhora a saúde do solo, aumenta a produtividade e fortalece a resiliência climática.
- Estudo do Imaflora comprova que a cafeicultura regenerativa pode sequestrar 10,5 toneladas de CO₂ por hectare ao ano, mostrando potencial real para mitigar os efeitos do aquecimento global.
- A parceria viabilizará a aplicação prática das pesquisas por meio de assistência técnica, dias de campo e mobilização dos produtores, promovendo manejo sustentável e monitoramento detalhado nas lavouras.
Uma parceria estratégica entre o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) promete transformar a cafeicultura brasileira com foco em sustentabilidade e combate às mudanças climáticas. O anúncio foi feito nesta terça-feira (1º), durante as celebrações do Dia Internacional do Café.
A iniciativa integra o Programa Construindo Solos Saudáveis e está alinhada ao tema proposto pela Organização Internacional do Café (OIC) para 2025: “Abraçando a colaboração mais do que nunca”. O mote reforça a importância da cooperação em toda a cadeia produtiva para garantir sustentabilidade ambiental e prosperidade econômica.
Culturas de cobertura são chave para regeneração do solo
O projeto prevê a implantação de Unidades Demonstrativas (UDs) em propriedades cafeeiras do Sul de Minas e do Cerrado Mineiro. Nessas áreas, será testada e difundida a técnica de cultivo de plantas de cobertura nas entrelinhas do café, prática que melhora significativamente a saúde do solo.
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“Nessas unidades, serão avaliados os benefícios da utilização de culturas de cobertura na entrelinha do café, contribuindo para melhoria da saúde do solo, aumento da produtividade e maior resiliência às mudanças climáticas”, explica Silvia Pizzol, diretora de Responsabilidade Social e Sustentabilidade do Cecafé.
Estudo comprova potencial de sequestro de carbono na cafeicultura
A técnica já foi validada cientificamente pelo estudo “Balanço de Carbono na Cafeicultura de Minas Gerais”, conduzido pelo Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) em parceria com o professor Carlos Cerri, da Esalq/USP. A pesquisa integra a agenda de carbono do Cecafé.
Os resultados impressionam: a manutenção do solo coberto, combinada com outras práticas conservacionistas, resulta em um balanço negativo (sequestro) de 10,5 toneladas de CO₂ equivalente por hectare de café arábica cultivado ao ano. Os dados demonstram o potencial concreto da cafeicultura regenerativa para mitigar os efeitos do aquecimento global.
“Os resultados desse trabalho são uma evidência concreta do potencial da cafeicultura regenerativa para mitigar os efeitos das mudanças climáticas”, afirma Silvia Pizzol.
Da teoria à prática: ações no campo começam agora
A parceria entre Cecafé e Emater-MG viabilizará a transição dos conhecimentos científicos para aplicação prática nas lavouras. A Emater-MG contribui com sua expertise técnica e capilaridade estadual, enquanto os exportadores associados ao Cecafé apoiam a mobilização dos produtores.
Entre as ações previstas estão dias de campo focados em manejo sustentável, assistência técnica especializada aos cafeicultores, análises detalhadas de solo e biomassa, mobilização de produtores e elaboração de relatórios técnicos baseados nos resultados das Unidades Demonstrativas.
Mercado e produtores se beneficiam da agricultura regenerativa
Bernardino Cangussú Guimarães, coordenador técnico de Cafeicultura da Emater-MG, destaca que a iniciativa responde às demandas crescentes do mercado internacional por produtos sustentáveis.
“Ao unir conhecimento técnico, engajamento dos produtores e apoio institucional, a parceria representa um passo concreto rumo à cafeicultura regenerativa. Que valoriza o solo como base para uma produção mais equilibrada e duradoura”, comemora o coordenador.
A colaboração marca um momento importante para o setor cafeeiro brasileiro, unindo esforços para construir uma cadeia produtiva mais justa, resiliente e ambientalmente responsável. E garantindo a sustentabilidade da atividade para as próximas gerações.