Após imposição de tarifas, associação dos EUA quer medidas mais duras. Crise reflete tensão no comércio global de carne bovina.

A National Cattlemen’s Beef Association (NCBA), principal associação de pecuaristas dos Estados Unidos, intensificou sua campanha contra a carne brasileira. O grupo pede ao governo americano um embargo total e imediato às importações do produto vindas do Brasil.

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A entidade alega falhas graves do Brasil na área de saúde animal. O principal argumento envolve um caso de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), a “doença da vaca louca”. Segundo a NCBA, o Brasil levou 35 dias para notificar um caso atípico à Organização Mundial de Saúde Animal em 2023. O protocolo internacional exige notificação em até 24 horas.

A associação também cita preocupações históricas com febre aftosa. Eles afirmam que o país não é um parceiro comercial confiável e que uma auditoria completa no sistema sanitário brasileiro é necessária.

Resposta brasileira: protecionismo disfarçado

O Ministério da Agricultura do Brasil rebateu as acusações. A pasta reforçou que o país nunca registrou um caso clássico da doença da vaca louca. Todos os casos foram atípicos, de ocorrência espontânea e sem risco à população.

O Brasil mantém o status de “risco insignificante” para a doença desde 2012. Para o governo, as alegações dos pecuaristas americanos são uma medida protecionista clássica. O objetivo real, dizem, é eliminar a concorrência do mercado americano.

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Impacto econômico imediato

A pressão da NCBA já surte efeito. O Mato Grosso do Sul, grande exportador, suspendeu temporariamente suas vendas para os EUA. O estado exportou US$ 235 milhões em carne bovina para o mercado americano apenas em 2024.

A disputa ocorre mesmo com as altas tarifas de importação que os EUA já impõem sobre a carne brasileira. A NCBA considera as tarifas um bom começo, mas insuficiente. Eles querem o banimento completo.