Resumo da notícia
- O Ibama realizou um seminário em Igarapé-Miri (PA) para debater os impactos ambientais, econômicos e sociais causados pelo mexilhão-dourado, espécie invasora asiática que ameaça o ecossistema local.
- Especialistas apresentaram um plano-piloto para remoção do mexilhão-dourado no rio Anapu e explicaram sua biologia e alta capacidade de reprodução e dispersão na região.
- O evento integrou órgãos públicos, pescadores e grupos ambientais para trocar experiências e conscientizar a população sobre os danos à biodiversidade e à pesca artesanal.
- O mexilhão-dourado altera a dinâmica dos nutrientes aquáticos, compete com moluscos nativos e pode favorecer a proliferação de cianobactérias tóxicas, agravando os impactos ambientais.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) organizou um seminário em Igarapé-Miri (PA) para debater os problemas causados pelo mexilhão-dourado (Limnoperna fortunei). Esta espécie invasora, originária da Ásia, chegou à América do Sul e gera prejuízos ambientais, econômicos e sociais na região.

O evento contou com apoio da Prefeitura Municipal de Igarapé-Miri e reuniu representantes do Ibama, Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Colônia de Pescadores Z-15 e grupos locais de proteção ambiental. Eles discutiram o impacto do mexilhão-dourado, como a destruição da vegetação aquática, a competição com moluscos nativos e as perdas para a pesca artesanal.
Durante o seminário, os especialistas explicaram detalhes sobre a biologia e reprodução do molusco, além de apresentar um plano-piloto para sua remoção do rio Anapu. A programação incluiu uma visita a ribeirinhos do Baixo Anapu para colher relatos diretos sobre os danos provocados pela invasão da espécie.
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O seminário também teve o objetivo de informar a população local, promovendo a troca de experiências entre as instituições e moradores. A iniciativa busca integrar esforços para conter a expansão do mexilhão-dourado e proteger a biodiversidade e a economia da comunidade ribeirinha.
Espécie invasora asiática ameaça ecossistemas aquáticos e economia local
O mexilhão-dourado (Limnoperna fortunei), espécie invasora asiática presente na América do Sul, apresenta ciclo de vida com reprodução externa, em que machos e fêmeas liberam espermatozoides e óvulos na água para fecundação. A larva resultante é planctônica e pode se dispersar amplamente pela coluna d’água. A densidade larval varia ao longo do ano, podendo atingir picos superiores a 30.000 indivíduos por metro cúbico, com cerca de 16% dessas larvas prontas para se fixar em substratos. A espécie tem reprodução contínua em regiões tropicais, com picos relacionados às variações de temperatura local.
O mexilhão-dourado compete com moluscos nativos por alimento e prejudica a vegetação aquática. Além de causar impactos socioeconômicos negativos para comunidades ribeirinhas e para a pesca artesanal. A alta adaptabilidade do molusco inclui tolerância a diferentes condições ambientais e alta taxa de dispersão. Além de ausência de predadores naturais no Brasil e resistência a baixos níveis de oxigênio e poluição.
Quanto à alimentação, a espécie filtra partículas do fitoplâncton, o que altera a dinâmica dos nutrientes. Isso pode favorecer proliferções de cianobactérias tóxicas, tornando-se um vetor potencial de disseminação dessas toxinas nos ecossistemas aquáticos.
Essas características biológicas e ecológicas fazem do mexilhão-dourado uma das maiores ameaças para a biodiversidade e para o equilíbrio ambiental em rios, lagos e reservatórios da América do Sul.