A Embrapa Suínos e Aves desenvolveu um software que mede a biosseguridade das granjas de suínos no Brasil. A nova tecnologia, chamada BiosSui, foi testada no Paraná, um dos principais polos suinícolas do País.
O sistema avalia 23 critérios de biosseguridade externa e interna. Em geral, esses critérios incluem infraestrutura e procedimentos fundamentais para evitar a entrada de patógenos nas granjas. Ao mesmo tempo, com base nesses dados, o BiosSui gera indicadores, organiza recomendações e propõe melhorias na produção. A ferramenta pode orientar decisões de produtores, gestores, agroindústrias e órgãos sanitários.
Software traz coleta digital e relatórios detalhados
O BiosSui permite coletar informações por meio de um formulário web. Em seguida, disponibiliza dashboards interativos, mapas, relatórios de desempenho e sugestões técnicas. Ou seja, a ferramenta utiliza metodologia multicritério e classifica o grau de adequação das granjas. Portanto, isso facilita o ranqueamento das propriedades e orienta ações de correção. Além disso, o sistema funciona tanto para gestão individual quanto para grupos de granjas, como cooperativas e unidades agroindustriais.
Validação contou com apoio de cooperativas e autoridades
A Embrapa validou a ferramenta com parceiros estratégicos. Em 2024, organizou workshops e reuniões no Paraná com o apoio do Sistema Ocepar. Durante esse processo, firmou acordos com a Frimesa, a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) e a Associação Paranaense de Suinocultores (APS). Os testes em campo aconteceram em granjas ligadas a cooperativas filiadas à Frimesa, como Lar, Copacol, Copagril, C.Vale e Primato.
A equipe da Embrapa realizou ajustes com base no uso prático. Também ofereceu orientações para gestores das cooperativas e fiscais da Adapar. “A interação com os parceiros foi essencial para adaptar os critérios à realidade das granjas”, afirma Marcos Morés, analista da Embrapa e especialista em patologia suína.
Sistema possui três módulos principais
O BiosSui conta com três módulos: Avaliação, Simulação de Melhorias e Dashboards. No primeiro, os dados coletados no campo permitem calcular os índices de biosseguridade da propriedade.
No segundo, o sistema gera recomendações técnicas e simula os impactos de eventuais melhorias. Com isso, os produtores conseguem priorizar investimentos e decisões mais eficazes.
O terceiro módulo apresenta os resultados por meio de dashboards e mapas interativos. Assim, os gestores visualizam dados gerais e detalhados por propriedade.
Segundo Geordano Dalmédico, analista da Embrapa, “os dashboards ajudam a comparar dados e identificar padrões com facilidade”. O sistema ainda permite exportar dados para análises específicas em programas estatísticos.
Brasil fortalece posição com foco em biosseguridade
O Brasil é o quarto maior produtor e o terceiro maior exportador de carne suína do mundo. Ou seja, essa posição estratégica depende do rígido controle sanitário e da adoção de protocolos eficientes.
O País é livre de doenças como a Peste Suína Africana (PSA) e a Síndrome Reprodutiva e Respiratória dos Suínos (PRRS). Esse status é resultado da vigilância ativa e do investimento contínuo em biosseguridade.
“A biosseguridade protege os rebanhos em várias camadas”, explica a pesquisadora Jalusa Kich. “O controle na importação de animais e material genético, por exemplo, tem abrangência nacional.” Segundo ela, o Ministério da Agricultura coordena a defesa sanitária, com execução a cargo dos estados. As normas de biosseguridade apoiam programas como o Programa Nacional de Sanidade Suídea (PNSS).
Prática técnica se torna estratégia de mercado
Além do cumprimento das normas, a biosseguridade também virou um diferencial competitivo. Portanto, para os pesquisadores, a suinocultura industrial precisa incorporar a prática como parte da gestão do negócio.
“As agroindústrias e os produtores devem reforçar os protocolos em suas rotinas. A biosseguridade deixou de ser apenas uma exigência técnica”, afirma Franco Muller Martins, líder do projeto BiosSui. “Hoje, é uma estratégia nacional de proteção e competitividade.”
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