Exportadores de Roraima respiram aliviados com a normalização do comércio bilateral, que havia sido afetado por cobranças de até 77%

A Venezuela retomou nesta semana a isenção de impostos para produtos brasileiros com certificado de origem. A decisão reverte uma medida surpresa que, na semana passada, taxou importações do Brasil em até 77%, gerando custos extras e insegurança jurídica para empresas.

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O sistema aduaneiro venezuelano, Sidunea, já foi ajustado e voltou a reconhecer os documentos de origem. O órgão tributário do país, Seniat, também retomou a emissão do benefício fiscal. “Praticamente todos os produtos estão com isenção de 100% novamente”, afirmou Eduardo Oestreicher, coordenador de Negócios Internacionais de Roraima.

Impacto em Roraima e esforços diplomáticos

A Venezuela é o principal destino das exportações de Roraima, respondendo por 46,1% das vendas do estado. O governador Antonio Denarium (PP) celebrou a retomada da isenção, destacando que a taxação poderia prejudicar empregos e a economia local.

Na última terça-feira (22), a Câmara Venezuelana Brasileira de Comércio de Roraima pediu apoio diplomático à embaixada do Brasil em Caracas. Oestreicher afirmou que divulgará em breve um comunicado conjunto com autoridades venezuelanas para agradecer a solução do impasse.

Falha no sistema ou mudança de política?

Inicialmente, autoridades atribuíram a taxação a um possível erro no sistema aduaneiro da Venezuela. No entanto, um decreto publicado em junho havia extinguido isenções para vários produtos importados, incluindo açúcar e soja — itens essenciais na pauta de exportação brasileira.

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O Itamaraty e o Ministério do Desenvolvimento acompanharam o caso, buscando esclarecimentos com o governo venezuelano. O Acordo de Complementação Econômica nº 69 (ACE 69), em vigor desde 2014, garante tarifa zero para a maioria dos produtos entre os dois países .

Com a normalização, os exportadores recuperam a confiança no comércio bilateral, que movimentou US$ 1,6 bilhão em 2024.

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