Quando pensamos em animais peçonhentos, logo vem à mente cobras, aranhas e escorpiões. Mas você sabia que o Brasil abriga peixes tão perigosos quanto? Pesquisadores do Instituto Butantan alertam para quatro espécies com venenos capazes de causar desde dor intensa até problemas cardíacos.
Animal peçonhento vs. venenoso: qual a diferença?
- Peçonhentos: Injetam ativamente o veneno (como arraias e bagres)
- Venenosos: Liberam toxinas passivamente (como alguns sapos)
Segundo Mônica Lopes-Ferreira, pesquisadora do Butantan, o contato com esses peixes pode causar dor extrema, necrose e feridas de difícil cicatrização. “Como não há antiveneno específico, os acidentes exigem cuidados médicos imediatos”, explica.
Os 4 peixes peçonhentos mais perigosos do Brasil
- Peixe-escorpião (Scorpaena plumieri)
- Onde vive: litoral do Nordeste ao Sudeste, em águas profundas.
- Perigo: espinhos dorsais com veneno que causa inflamação grave e, em casos raros, complicações cardiorrespiratórias.
- Curiosidade: também chamado de mangangá, camufla-se no fundo do mar.

- Niquim (Thalassophryne nattereri)
- Onde vive: águas rasas do Norte e Nordeste.
- Perigo: único peixe com espinhos ocos (como agulhas) que injetam veneno diretamente. Pode causar necrose tissular.
- Dado alarmante: responsável por acidentes frequentes com banhistas e pescadores.

- Arraias
- Onde vivem: do litoral a rios do interior (como Amazônia e Pantanal).
- Perigo: ferrão serrilhado na cauda que “chicoteia” ao se sentir ameaçada. O veneno provoca dor excruciante e feridas profundas.
- Caso famoso: em 2006, o biólogo Steve Irwin morreu após ser atingido por uma arraia no coração.

- Bagre (Cathorops spixii)
- Onde vive: litoral e rios em todo o Brasil.
- Perigo: líder em acidentes no país! Seus ferrões nas nadadeiras dorsais causam edema, infecções e dor prolongada.
- Prevenção: evite pisar em águas turvas, onde se escondem em grupos.

Peixes venenosos mais raros
Além desses quatro mais conhecidos, o Brasil tem espécies como:
Candiru: Peixe amazônico que pode penetrar orifícios humanos. É famoso por seu comportamento parasitário – ele pode penetrar em orifícios humanos (como uretra ou ânus) atraído por fluxos de urina, onde se fixa com espinhos e causa lesões graves. Apesar de raros, os casos são extremamente dolorosos e exigem remoção cirúrgica. Conhecido como “peixe vampiro”, o candiru é um dos peixes mais temidos da região, embora seu tamanho não ultrapasse 15 cm. Medidas preventivas incluem evitar urinar na água e usar roupas de banho justas durante mergulhos em rios.

Víbora-do-mar: Parente das cobras terrestres, com veneno neurotóxico (raro no Brasil). A víbora-do-mar (Hydrophis platurus) é a única serpente marinha encontrada no litoral brasileiro, principalmente em águas quentes e tropicais. Apesar de raramente ser avistada, seu veneno neurotóxico é extremamente potente, capaz de causar paralisia muscular, insuficiência renal e até morte se não tratado rapidamente. Diferente de outras cobras marinhas, ela possui cauda achatada, adaptada para natação, e pode atingir até 1 metro de comprimento. Acidentes são incomuns, mas pescadores e banhistas devem manter distância caso avistem esse réptil de coloração amarela e preta característica. O tratamento exige soro antiofídico específico, reforçando a importância de buscar atendimento médico imediato em caso de picada.

O que fazer em caso de acidente?
- Lave o local com água doce (não use água quente ou gelo).
- Retira espinhos com pinça (se visíveis).
- Procure um hospital imediatamente – mesmo sem antiveneno, o tratamento precoce evita complicações.
Com o aumento do turismo em praias e rios, conhecer esses animais reduz riscos e salva vidas. A Plataforma Zebrafish, do Laboratório de Toxinologia Aplicada do Instituto Butantan (LETA), estuda as peçonhas e as toxinas dos peixes peçonhentos usando o Zebrafish como modelo experimental.
O peixe também conhecido como paulistinha ajuda os cientistas a identificar níveis tóxicos em águas de bacias hidrográficas, do mar e de rios, que podem fazer muito mal à saúde humana. O grupo também estuda o desenvolvimento de um soro para neutralizar o veneno destes peixes peçonhentos capazes de causar acidentes em pessoas.
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