O que era pra ser só mais uma pescaria tranquila no coração do Pantanal sul-mato-grossense acabou se transformando numa cena daquelas que não se esquecem. Vanderlei da Silva Rosa, empresário de 43 anos, mal imaginava que, entre um peixe e outro, acabaria “fisgando” algo bem fora do esperado: um filhote de onça-pintada.
O episódio aconteceu no encontro dos rios Miranda e Paraguai, em Corumbá (MS). E não, não é história de pescador — tudo foi registrado em vídeo.
Vanderlei, que é de Ibaté, interior de São Paulo, costuma visitar a região todo ano, religiosamente, pra relaxar e tentar a sorte com as iscas. Mas, dessa vez, quem precisou de uma ajudinha foi um morador ilustre do Pantanal.
Na volta da pescaria, ele e os amigos perceberam um movimento estranho na água. Na margem, uma onça adulta observava atenta enquanto dois filhotes tentavam acompanhá-la. Só que um deles, mais afoito — ou talvez mais desorientado —, errou o caminho e foi direto pro meio da correnteza.
“Na hora, o coração dispara. Você não sabe se ajuda, se espera, se corre…”, conta Vanderlei, ainda emocionado.
O filhote, pequeno, mas já dono das pintas que carregam a majestade dos grandes felinos, lutava contra a força da água, que parecia não querer deixar barato. Nadava, mergulhava, subia a cabeça — e afundava de novo. Um verdadeiro sufoco.
Resgate durou seis minutos
Foram seis minutos de pura tensão. E também de esperança.
Nas imagens, dá pra ver quando o bichinho, completamente esgotado, consegue se agarrar numa rede de pesca que estava estendida na água. “Ele ficou ali, segurando. Não reagia, só respirava ofegante, coitado”, lembra Vanderlei.
O grupo até tentou, no início, só observar. Vai que a mãe aparecia pra buscar o filhote. Mas, com o tempo correndo e a correnteza não dando trégua, não teve jeito: precisaram agir.
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“Pegamos um gancho com um cesto na ponta, bem de leve, pra não machucar. A gente só queria ajudar”, explica.
Entre conversas apressadas e olhares atentos — afinal, ninguém ali queria testar a braveza de uma onça-mãe caso ela aparecesse de surpresa —, os pescadores, enfim, conseguiram puxar o filhote até o barco. O pequeno, completamente esgotado, não reagia. Nem sequer rosnou. Só queria, de qualquer jeito, sair dali.
Sem perder tempo e cientes de que precisavam agir rápido, eles conduziram o animal até a margem, que ficava a cerca de 30 metros dali. Era justamente o ponto onde, poucos minutos antes, a onça adulta havia sido vista se embrenhando na mata com o outro filhote — que, por sorte ou esperteza, conseguiu acompanhar a mãe a tempo.
Assim que encostaram o barco na beira, o bichinho, como quem entendesse que aquele era o fim do sufoco, pulou e sumiu no mato, provavelmente correndo pra reencontrar a família.
Entre um susto e outro, ficou a lembrança — e a certeza de que, naquele dia, quem pescou, na verdade, foi a vida.
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