A produção e o consumo global de vinho atingiram os níveis mais baixos em décadas em 2024, segundo relatório da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV). Condições climáticas extremas, preços elevados e mudanças no comportamento dos consumidores pressionaram o setor, com destaque para a queda acentuada na China e ameaças de tarifas comerciais nos EUA.
Queda histórica na produção e consumo de vinho
- Consumo global de vinho: recuou 3,3% em 2024, para 214 milhões de hectolitros – menor volume desde 1961.
- Produção mundial: caiu 4,8%, para 226 milhões de hectolitros, o menor patamar em 60 anos.
- Causas: inflação, redução do poder de compra, doenças em vinhedos e eventos climáticos extremos.
Um hectolitro equivale a 133 garrafas de vinho.
Fatores que impactaram o mercado em 2024
- Clima e doenças: secas, geadas e pragas afetaram colheitas na Europa e no Hemisfério Sul.
- Mudanças geracionais: jovens consomem menos vinho, privilegiando outras bebidas.
- Retração chinesa: queda no consumo na China, que já foi um dos maiores mercados em crescimento.
- Tarifas comerciais: pressão sobre exportadores devido a possíveis taxações nos EUA, maior importador global por valor (US$ 6,3 bilhões em 2023).
Vinhos premium sustentam valor de mercado
Apesar da queda em volume, o comércio internacional de vinho registrou alta em valor, impulsionado por preços médios recordes:
- Exportações: 99,8 milhões de hectolitros (mesmo nível de 2023), mas com valor de €35,9 bilhões (alta de 1,6%).
- Preço Médio: €3,60 por litro, reflexo da demanda por vinhos premium.
- EUA lideram as importações (€6,3 bilhões), seguidos por Reino Unido (€4,6 bilhões) e Alemanha (€2,5 bilhões).
Encolhimento de vinhedos e destaque para a Itália
A área global de vinhedos caiu pelo 4º ano consecutivo, para 7,1 milhões de hectares (-0,6%). A redução reflete:
Mudanças estruturais: conversão de terrenos para outros cultivos.
Destaque positivo: Itália, maior exportador em volume, registrou crescimento de 0,8% em área plantada.
Para John Barker, diretor-geral da OIV, o cenário exige adaptação: “Além dos desafios climáticos, o mercado precisa equilibrar a demanda por acessibilidade com a valorização de produtos premium.”
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