A varrição do café, prática consolidada entre produtores, consiste na coleta dos grãos que caem no chão após a derriça manual, semimecanizada ou mecanizada. Além de evitar desperdícios, essa operação tem papel estratégico no manejo fitossanitário, ajudando a controlar pragas como a broca-do-café, que encontra nos frutos caídos um ambiente favorável para se proliferar.
De acordo com Vanessa Figueiredo, pesquisadora da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), a remoção dos frutos do solo é um importante controle cultural. “A varrição reduz a incidência da broca, já que os grãos no chão servem de abrigo para o inseto, favorecendo sua sobrevivência e, consequentemente, a infestação nas próximas safras”, explica.
Evitar perdas e agregar valor
Além de contribuir para a sanidade da lavoura, a varrição ajuda a evitar perdas significativas na produção. “A maioria dos frutos que caem ainda apresenta boa qualidade e deve ser aproveitada. Esse café tem valor agregado, especialmente em períodos de mercado aquecido”, ressalta Vanessa.
A prática pode ser realizada de forma manual ou com o auxílio de máquinas. Para áreas mecanizadas, já existem equipamentos varredores ajustáveis a diferentes tipos de terreno. “Essas máquinas oferecem eficiência no uso da mão de obra, fazendo o trabalho de maneira mais rápida e uniforme”, pontua a pesquisadora.
Qualidade e mercado do café de varrição
Os produtores costumam beneficiar e comercializar o café recolhido do chão separadamente do que colhem diretamente das plantas, normalmente praticando preços mais baixos. Isso porque a qualidade pode ficar comprometida devido à exposição à umidade, ao solo e a possíveis resíduos, o que aumenta o risco de defeitos nos grãos.
Mesmo assim, o mercado ainda absorve o café de varrição, que costuma compor blends ou produtos onde pequenas variações de sabor não afetam tanto a experiência do consumidor final.
Para Vanessa, o mais importante é manter a lavoura limpa e pronta para o próximo ciclo. “Uma varrição bem feita garante o manejo adequado e prepara o terreno para a safra seguinte. Portanto, reforçando o compromisso do produtor com a produtividade e a qualidade”, conclui.
Leia mais:
+ Agro em Campo: História e aroma: nova mostra promete movimentar Museu do Café
+ Agro em Campo: Alívio: preço do azeite no Brasil deve começar a cair