Na região da Área de Proteção Ambiental (APA) do Boqueirão da Onça, norte da Bahia, um projeto inovador busca equilibrar a preservação de felinos ameaçados e o cotidiano de comunidades rurais. O Programa Amigos da Onça (PAO), do Instituto Pró-Carnívoros, em parceria com a ENGIE Brasil Energia, está ampliando ações para proteger as últimas populações de onças-pintadas (Panthera onca) e onças-pardas (Puma concolor) da Caatinga, bioma onde esses animais enfrentam riscos críticos de extinção.
Desafios da convivência no sertão
Com apenas 30 onças-pintadas e 120 onças-pardas estimadas na região, a Caatinga baiana é um dos últimos refúgios desses felinos no Nordeste. A expansão de atividades humanas, como a pecuária extensiva, aumenta os conflitos: as onças, que não distinguem entre presas silvestres e rebanhos domésticos, frequentemente atacam cabras e ovelhas, levando a retaliações por parte de produtores. “Na região da Caatinga, o manejo é extensivo e os rebanhos costumam dormir na serra, que geralmente são áreas mais preservadas. Esse comportamento favorece o encontro com as onças, que não distinguem entre presas naturais e domésticas”, explica Carolina Esteves, coordenadora técnica do projeto.

A nova fase do PAO, financiada pela ENGIE, inclui a duplicação da área monitorada com câmeras trap (de 20 para 40 equipamentos). Essa é uma estratégia essencial para mapear rotas e hábitos das onças. Além disso, um “curral-piloto” será construído para testar estruturas de proteção aos rebanhos, reduzindo predações. O modelo inspira-se em iniciativas bem-sucedidas em outros biomas, utilizando materiais resistentes e designs que impedem o acesso dos felinos.
O programa prevê a distribuição de cartilhas educativas adaptadas para crianças e adultos em cinco comunidades e três escolas da APA do Boqueirão da Onça. Os materiais trazem orientações práticas, como como agir ao encontrar uma onça e procedimentos em casos de ataques a rebanhos. Oficinas do Programa Conexão ENGIE também levarão moradores a visitarem os parques eólicos da empresa (Umburanas, Campo Largo I e II). Portanto, integrando educação ambiental e geração de energia renovável.
Por que preservar as onças?
Além do valor ecológico — as onças são espécies-chave para o equilíbrio da Caatinga —, a iniciativa reforça o turismo de observação de fauna, potencial fonte de renda para comunidades. “O Instituto Pró-Carnívoros atua com valores essenciais para o negócio da ENGIE, unindo respeito ao meio ambiente e o apoio às comunidades onde atuamos. Essa iniciativa integra essas duas frentes em um único projeto. Estamos entusiasmados para acompanhar os resultados dessa parceria ao longo dos próximos meses”, destaca Karen Schröder, gerente de Meio Ambiente da ENGIE Brasil.

Com duração inicial de 12 meses (a partir de dezembro de 2024), a parceria servirá como modelo para replicação em outras áreas do semiárido. Dados coletados serão compartilhados com órgãos ambientais, contribuindo para políticas públicas de conservação.
Com 12 anos de atuação, o instituto alia pesquisa científica e diálogo com comunidades, tendo já reduzido em 60% os ataques a rebanhos em projetos anteriores. O PAO é hoje uma referência nacional na coexistência entre humanos e grandes felinos.
Para saber mais, acesse os sites oficiais do Instituto Pró-Carnívoros e da ENGIE Brasil para detalhes sobre como apoiar a iniciativa.
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