Um líquido amargo, antes descartado como lixo industrial na produção de azeite, está sendo chamado por pesquisadores de “superalimento superconcentrado”. Batizada de Água Residual do Processamento de Azeite (ARPA), essa substância ganhou destaque após um estudo da Universidade Sapienza de Roma identificar nela compostos capazes de combater doenças, proteger o coração e até inibir células cancerígenas.
Durante décadas, o produto resultante da prensagem das azeitonas era jogado fora por seu sabor intenso e odor marcante. Porém, análises recentes revelaram que o subproduto é uma mina de polifenóis, como hidroxitirosol e oleuropeína, substâncias com poder antioxidante até 10 vezes maior que o azeite extravirgem.
“Era visto como resíduo, mas descobrimos que concentra compostos bioativos que não migram para o óleo. É um desperdício não aproveitá-lo”, explica Dra. Pamela Tambini, médica e diretora da Engage Wellness.
Benefícios comprovados: por que a ARPA virou alvo de pesquisas
Estudos internacionais, incluindo pesquisas do Instituto Europeu de Oncologia, associam a Água Residual do Processamento de Azeite a efeitos impressionantes:
- Ação Anticâncer: Em testes laboratoriais, o extrato A009 (derivado da ARPA) inibiu o crescimento de células tumorais e protegeu a saúde cardiovascular.
- Proteção ao Coração: Redução do colesterol LDL, controle da pressão arterial e prevenção de infecções cardíacas.
- Combate a Inflamações: O polifenol oleocantal — presente em alta concentração — tem efeito anti-inflamatório comparável a medicamentos.
- Reforço Cerebral: Antioxidantes na Água Residual do Processamento de Azeite protegem neurônios, reduzindo riscos de doenças como Alzheimer.
“Ela age de forma seletiva contra células doentes, preservando as saudáveis”, destaca Dra. Adriana Albini, pesquisadora do Instituto Europeu de Oncologia.
Água Residual do Processamento de Azeite vs. azeite: entenda as diferenças
Enquanto o azeite oferece benefícios por suas gorduras monoinsaturadas, a ARPA se destaca por concentrar altos níveis de polifenóis solúveis em água — compostos que normalmente se perdem durante o processo de extração do óleo. “É um complemento, não um substituto”, ressalta Dra. Shivani Amin, especialista em medicina funcional.
Como consumir (e onde encontrar)
Ainda pouco conhecida no Brasil, a ARPA, que é abreviado em inglês como OWL (olive mill wastewater) é vendida como bebida funcional por marcas europeias, como Olive Mill Water Company e Fattoria La Vialla.
A recomendação é ingerir 25 ml ao dia, puros ou misturados em sucos. “O excesso pode causar desconforto digestivo”, alerta Tambini.
Sustentabilidade e saúde: o futuro da ARPA
Além dos benefícios à saúde, o aproveitamento da ARPA reduz o desperdício industrial. Cerca de 30 milhões de toneladas do resíduo são geradas globalmente a cada ano. Portanto, para os cientistas, é uma oportunidade de transformar “lixo” em recurso valioso para alimentação e medicina.
“Estamos diante de um exemplo claro de economia circular: o que era problema ambiental virou solução para a saúde”, conclui Albini.
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