Câmeras de monitoramento da Usina Hidrelétrica (UHE) Belo Monte, no Pará, registraram, pela primeira vez, filhotes de ariranha, o que indica um ambiente saudável na região desde o início do monitoramento em 2012. Essa ocorrência demonstra o sucesso das medidas de conservação implementadas no entorno da usina, conforme análise técnica do licenciamento ambiental conduzido pelo Ibama.
Desde 2012, a Norte Energia, responsável pela UHE Belo Monte, mantém um programa de monitoramento de mamíferos aquáticos e semiaquáticos no rio Xingu. O objetivo é mapear, estudar e promover a conservação de espécies ameaçadas.
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As câmeras camufladas gravaram imagens detalhadas das ariranhas, também conhecidas como “onça-d’água”, “lontra-gigante” e “lobo-do-rio”. O vídeo mostra duas ariranhas adultas se aproximando da toca, de onde saem dois filhotes e outra ariranha adulta. Desde 1999, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) classifica a espécie como “vulnerável à extinção”.
Raridade
O registro é considerado raro devido à sensibilidade da espécie à presença humana, principalmente durante a criação dos filhotes. Roberto Silva, Gerente de Meios Físico e Biótico da Norte Energia, destaca que a presença de filhotes de ariranha na área de influência de Belo Monte indica que o ambiente oferece condições para a reprodução da espécie.
Os biólogos celebraram a aparição dos filhotes no reservatório artificial de 119 km², criado pela usina e integrado à Área de Preservação Permanente protegida. O acesso restrito favorece o abrigo e a reprodução da fauna silvestre.

Devido ao sucesso do projeto, o Ibama o selecionou para apresentação no II Fórum de Programas de Fauna do Licenciamento Ambiental Federal. A equipe da Norte Energia informou o registro de 280 animais aquáticos e semiaquáticos em 13 anos. Além do monitoramento, a empresa compartilha dados com instituições científicas e promove campanhas de conscientização para proteger as ariranhas e outros animais do Xingu.
A ariranha, predadora no topo da cadeia alimentar, desempenha um papel crucial no equilíbrio do ecossistema, controlando a população de outras espécies. As ariranhas vivem em grupos de dois a dez indivíduos na região do Xingu, com todos os adultos participando da criação dos filhotes. A espécie, nativa da América do Sul e com um repertório vocal complexo, se alimenta principalmente de peixes. A caça para a exploração de sua pele contribuiu para o risco de extinção.
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