O Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA) descobriu que os besouros Pachymerus bridwelli e Revena plaumanni atacam as sementes do butiazeiro (Butia odorata). Portanto, comprometendo a produção de mudas e a regeneração natural dos butiazais nativos. Em algumas plantas, a infestação chega a consumir mais de 50% das sementes, o que é preocupante já que o butiazeiro se reproduz exclusivamente por sementes.
Segundo o pesquisador Adilson Tonietto, responsável pelo estudo, até então acreditava-se que apenas um inseto atacava o butiá, e desconhecia-se tanto as espécies adultas quanto seus ciclos biológicos. O estudo revelou que a fêmea deposita os ovos na flor feminina, podendo ocorrer um dia após a abertura da inflorescência.

Os dados foram publicados na Circular nº 26, “Bichos da Semente do Butiá”, lançada pelo DDPA em junho de 2025. A pesquisa combinou observações de campo e experimentação em laboratório, possibilitando a identificação dos besouros e o entendimento de seus ciclos biológicos.
Além de reduzir a qualidade das sementes, os besouros afetam a qualidade dos frutos. Pois uma das larvas atravessa a polpa para alcançar o solo e completar seu desenvolvimento, comprometendo o armazenamento e o aproveitamento dos frutos. Atualmente, a produção de mudas depende da germinação das sementes, que, quando danificadas, prejudicam a propagação e a regeneração natural do butiazeiro.
Identificação inédita
Embora relatos anteriores mencionassem insetos que infestam sementes do coquinho do butiazeiro, as espécies nunca foram identificadas. O estudo do DDPA espera contribuir para o desenvolvimento de estratégias que minimizem os impactos negativos desses insetos na produção e conservação do butiazeiro.
O DDPA é vinculado à Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi). E pesquisa o butiazeiro desde 2008, inicialmente focando na preservação das áreas naturais por meio do extrativismo das frutas e, mais recentemente, incentivando o cultivo comercial com a produção de mudas. O desenvolvimento de protocolos para superar a dormência das sementes permite a multiplicação de plantas com características agronômicas superiores, facilitando a formação de pomares.
A sistematização dos cultivos facilita o manejo e o monitoramento das plantas, além de permitir o estudo e a experimentação para o controle de pragas e doenças que surgem com a intensificação do cultivo.
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