A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) identificou os principais desafios energéticos para a irrigação no país. O levantamento propõe melhorias na infraestrutura elétrica para atender ao crescimento da agricultura irrigada.
O estudo foi desenvolvido pela Universidade Federal de Itajubá (MG), sob encomenda do Sistema CNA. A equipe do Núcleo de Pesquisa e Extensão do Instituto de Recursos Naturais (Neiru) conduziu a análise. Em geral, o documento avalia o cenário atual e projeta a demanda energética da irrigação até 2040. Segundo a CNA, o fornecimento de energia de qualidade é essencial para manter a produção agropecuária e garantir a segurança alimentar no Brasil e no mundo. Ou seja, o objetivo do estudo é subsidiar políticas públicas, apoiar o planejamento setorial e orientar investimentos em energia rural.
Gargalos
A pesquisa mostra onde estão os maiores gargalos e destaca regiões que exigem expansão da infraestrutura elétrica. A equipe técnica baseou as projeções nas áreas com potencial de crescimento da irrigação. Além disso, o estudo apontou demanda reprimida em todas as regiões com agricultura irrigada. Ao mesmo tempo, também identificou deficiência na oferta de energia elétrica, com baixa qualidade ou ausência do serviço no campo.
Para estimar os investimentos necessários, o estudo desenvolveu dois indicadores: o Índice de Adensamento Rural (IAR) e a Energia Não Suprida (ENS). O IAR mede a presença de rede elétrica de média tensão nas zonas rurais. Já o ENS analisa a continuidade do fornecimento às áreas irrigadas.
Segundo os indicadores, a energia elétrica no campo ainda é insuficiente. “A falta de energia impede o funcionamento dos equipamentos de irrigação e compromete a produção agrícola”, destaca o documento.
Capacidade do sistema elétrico
O levantamento também avaliou a capacidade do sistema elétrico de atender à demanda futura. Para isso, o país precisa expandir a rede em 5% a 7% ao ano. A Região Norte enfrenta os maiores desafios estruturais. Em alguns Estados, será necessário ampliar a rede em mais de 20% ao ano.
A análise também mapeou os 16 polos de agricultura irrigada no Brasil. Hoje, há um déficit de 2,5 gigawatts para abastecer essas regiões. Até 2040, a demanda deve chegar a 5 gigawatts, segundo projeção já adotada pelo setor no Atlas da Irrigação.
A CNA reforça que o crescimento da irrigação exige políticas públicas articuladas com o setor elétrico. As diretrizes devem considerar a realidade do campo e planejar o atendimento à futura demanda dos irrigantes.
O estudo também propõe ajustes no Prodist (Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica) e na Política Nacional de Irrigação. As mudanças visam alinhar os instrumentos normativos às necessidades das áreas irrigadas.
A análise histórica das políticas setoriais revelou ausência de estratégias específicas para o atendimento energético da irrigação. Nenhuma política energética considerou, até agora, as áreas irrigadas como prioridade.
A CNA utilizou como base o estudo da Esalq/USP, a Base de Dados Geográficos da Aneel (BDGD/2022) e o Atlas da Irrigação da ANA. As fontes garantem coerência com as demandas reais do setor produtivo.
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