Operação cria gigante do agronegócio; entenda o próximo passo do processo
Marfrig
Foto: Marfrig

A proposta de fusão entre BRF e Marfrig foi aprovada por uma expressiva maioria dos acionistas minoritários da BRF. Com isso, abrindo caminho para a consolidação de uma das maiores companhias do agronegócio do Brasil. Segundo comunicado liberado no sábado (2), 71,4% dos minoritários votaram a favor do acordo, sem contar abstenções, movimento que antecede a Assembleia Geral Extraordinária (AGE) agendada para esta terça-feira (5).

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A votação já vinha sendo impactada por sucessivos adiamentos impostos pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que cobrou mais transparência sobre os critérios de definição da troca de ações. A CVM identificou assimetrias nas informações e ausência de projeções financeiras detalhadas, o que gerou reclamações entre minoritários e fortaleceu a oposição ao modelo proposto inicialmente. A autarquia justificou os adiamentos como necessários para garantir equidade e clareza a todos os investidores.

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No cerne da operação, a BRF será incorporada integralmente pela Marfrig: a cada ação da BRF, o investidor receberá 0,8521 ação da Marfrig. Além disso, a transação prevê o cancelamento das ações em tesouraria e assegura o direito de retirada para acionistas que discordarem dos termos. Uma aprovação na AGE transformará a BRF numa subsidiária integral da Marfrig, criando uma plataforma global de alimentos e somando receitas de mais de R$ 150 bilhões anuais, com promessas de ganhos de escala e expansão internacional.

Panorama geral

A votação é considerada praticamente irreversível. Dos 10% de minoritários que não participaram da votação antecipada, apenas 1% se inscreveu para a assembleia. Enquanto a Marfrig, que já controla 58,87% do capital da BRF, se absterá do voto.

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A polêmica mais marcante em torno do processo partiu da Previ, o maior fundo de pensão do Brasil. O fundo encerrou, em julho, uma relação de mais de 30 anos com a BRF. E vendeu todos os seus papéis por cerca de R$ 1,9 bilhão. A decisão foi baseada em análises técnicas e de risco. A Previ julgou que a relação de troca não refletia adequadamente o valor da BRF, potencializando riscos de perdas para minoritários caso a fusão se concretize. O valor obtido foi realocado em títulos públicos, reforçando a busca por segurança para seus associados. O movimento da Previ enfraqueceu a oposição interna e sinalizou preocupação sobre potenciais impactos negativos para investidores de longo prazo.

A operação ainda depende da aprovação dos acionistas das duas empresas e do cumprimento de condições adicionais, como a análise concorrencial do Cade e eventuais recursos de rivais, como a Minerva. Além disso, há expectativa de que a incorporação gere sinergias superiores a R$ 800 milhões nos próximos anos.

Destaques:

71,4% dos minoritários da BRF aprovaram a fusão com a Marfrig;

Operação pode criar a MBRF Global Foods, gigante de proteína animal;

Previ vendeu sua participação histórica alegando riscos para minoritários;

AGE que pode oficializar a fusão ocorre nesta terça-feira (5), em formato online.

A concretização da fusão representará um novo marco no setor agroindustrial brasileiro. Mas ainda traz desafios regulatórios e judiciais a serem superados antes do surgimento da nova companhia global.

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