Resumo da notícia
- As exportações brasileiras de tilápia cresceram 52% no primeiro semestre de 2025, alcançando US$ 36 milhões, mas enfrentam risco de queda drástica devido à tarifa de 50% imposta pelos EUA para o segundo semestre.
- No mercado interno, o preço médio da tilápia caiu 14,6%, pressionando as margens dos produtores, que tiveram redução de 45,5% nos lucros, apesar da leve queda de 2,9% no custo da ração.
- A entrada de filés de tilápia do Vietnã com preços inferiores ao mercado brasileiro aumenta a concorrência e ameaça a competitividade nacional, agravando o cenário para produtores locais.
- A tilápia mantém-se como principal peixe cultivado no Brasil, representando 70% da produção de peixes de cultivo e crescendo 10,3% ao ano nos últimos 11 anos, apesar dos desafios enfrentados pelo setor.
Resumo gerado pela redação.
A piscicultura brasileira viveu um primeiro semestre de 2025 marcado por contrastes. Enquanto as exportações de tilápia registraram crescimento expressivo de 52%, o setor agora enfrenta a ameaça de tarifas americanas que podem praticamente zerar as vendas externas no segundo semestre.
De acordo com dados da PEIXE BR, o mercado interno manteve o crescimento esperado, impulsionado pelo aumento da oferta e redução de preços ao consumidor. No entanto, as perspectivas mudaram drasticamente após o anúncio de tarifas de 50% pelo governo americano.
Exportações em alta, mas futuro incerto
As vendas internacionais da piscicultura brasileira atingiram US$ 36 milhões no primeiro semestre, representando crescimento de 52% em relação ao mesmo período de 2024. O volume exportado chegou a 8 mil toneladas, com a tilápia respondendo por 95% do total.
“A tilápia consolidou sua posição como principal peixe cultivado e comercializado internacionalmente pelo Brasil”, explica Manoel Pedroza, pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura.
Os Estados Unidos permanecem como principal destino, representando cerca de 90% das exportações brasileiras no período, com US$ 32 milhões. O Peru aparece como segundo maior importador, movimentando US$ 1,8 milhão.
Preços em queda pressionam produtores
O cenário no mercado interno, contudo, apresenta desafios significativos. Segundo dados do Cepea/Esalq, o preço médio da tilápia caiu 14,6% no primeiro semestre, passando de R$ 9,42/kg em 2024 para R$ 8,04/kg em 2025.

“Embora tenha havido uma leve redução no custo da ração, que caiu 2,9%, essa diminuição não foi suficiente para compensar a pressão sobre as margens dos produtores”, destaca Thiago Bernardino de Carvalho, coordenador de Pecuária e Tilápia do Cepea/Esalq.
Você também pode gostar:
+ Agro em Campo: Extrato Pirolenhoso – vender fumaça vira ouro no agronegócio
+ Agro em Campo: Achachairu – saiba como ganhar dinheiro com fruta da Bolívia
A margem bruta média dos produtores despencou 45,5%, caindo de R$ 2,82 para R$ 1,54 por quilo comercializado. Paralelamente, o peso médio dos animais aumentou 11,1%, passando de 921 gramas para 1.023 gramas.
Ameaça dupla: tarifas americanas e importações
Francisco Medeiros, presidente da PEIXE BR, alerta para um cenário preocupante. “Devido à tarifa de 50% e à falta de ação do governo brasileiro em negociar, teremos um segundo semestre com exportações próximas de zero”, afirma.
A situação se agrava com a entrada de filé de tilápia do Vietnã no mercado brasileiro. Segundo especialistas, os produtos vietnamitas chegam com preços muito inferiores aos nacionais, configurando possível dumping.
“O Vietnã tem procedimentos na indústria que são proibidos nas indústrias brasileiras e, com isso, perdemos competitividade”, critica Medeiros.
Regiões produtoras se consolidam
Apesar dos desafios, a tilápia mantém posição de destaque na aquicultura nacional, respondendo por 70% da produção de peixes de cultivo. A espécie cresceu 10,3% ao ano nos últimos 11 anos, enquanto peixes nativos registraram redução no mesmo período.
As principais regiões produtoras incluem o Oeste do Paraná, Morada Nova de Minas (MG), região dos Grandes Lagos (noroeste de São Paulo e divisa com Mato Grosso do Sul), Norte do Paraná e Triângulo Mineiro.
Para o restante de 2025, especialistas apontam a necessidade de diversificar mercados e produtos. O alojamento de alevinos e juvenis cresceu 18,7% no primeiro semestre, indicando expectativa de aumento na produção futura.
“A abertura de novos mercados externos será fundamental para assegurar a competitividade internacional da cadeia”, destaca Carvalho. “O setor precisará investir na exportação de produtos congelados, que respondem pela maior parte do comércio internacional de tilápia.”
Apesar das dificuldades, há potencial de valorização do produto nacional, desde que políticas públicas e investimentos em infraestrutura permitam maior competitividade frente aos concorrentes internacionais.
Leia mais:
+ Agro em Campo: Kakapos: papagaio mais gordo do mundo luta contra a extinção
+ Agro em Campo: Pesca esportiva movimenta bilhões nos EUA e no Brasil