Simulado envolve 300 profissionais e uso de drones, app e laboratórios em Montes Claros, reforçando controle sanitário
Foto: Diego Vargas / Seapa

O Governo de Minas Gerais intensificou a vigilância contra a febre aftosa com um exercício simulado de emergência sanitária realizado no município de Montes Claros, polo importante da pecuária no Norte do estado. O objetivo é testar a resposta rápida das equipes e reforçar a proteção do rebanho mineiro, estimado em 22,1 milhões de cabeças.

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Entre 23 de setembro e 3 de outubro, cerca de 300 servidores do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), de órgãos de 21 estados brasileiros e representantes de países sul-americanos participam da simulação.

O exercício reproduz situação real. Após a notificação de suspeita em uma fazenda, fiscais do IMA inspecionam os animais para identificar sintomas como febre, aftas na língua, lábios, narinas e patas, salivação excessiva e perda de apetite. Eles podem levar à queda na produção de carne e leite. Amostras coletadas seguem para análise em Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária (LFDA).

Na eventual confirmação da doença, os protocolos sanitários incluem o abate dos animais infectados, preferencialmente com o enterro no local, conforme normas ambientais, segundo Izabella Hergot, gerente de defesa sanitária animal do IMA.

Zona livre de febre aftosa sem vacinação

Minas mantém o status de zona livre de febre aftosa sem vacinação, reconhecimento oficial que o Brasil recebeu em maio deste ano da Organização Mundial de Saúde Animal (Omsa). Mesmo assim, o governo estadual reforça a importância da vigilância ativa para evitar impactos econômicos e manter os acordos comerciais internacionais.

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O simulado utiliza tecnologia avançada, incluindo drones, veículos, equipamentos laboratoriais e um aplicativo desenvolvido em parceria com a Universidade Federal de Lavras (Ufla). O app facilita a coordenação pública, mapeia zonas de risco, organiza equipes e distribui tarefas, garantindo agilidade nas ações. A ferramenta também chama atenção do Centro Pan-Americano de Febre Aftosa e Saúde Pública Veterinária (Panaftosa), que pode adotá-la futuramente.

Foto: Diego Vargas / Seapa

O histórico da febre aftosa no Brasil demonstra o impacto da doença antes da erradicação: queda nos preços da carne, insegurança do consumidor e prejuízos à cadeia produtiva. O médico-veterinário Vitoriano Dornas destaca que o simulado demonstra ao mercado internacional a capacidade de Minas em responder rápido e aplicar protocolos sólidos. Desde 2019, Minas investiu cerca de R$ 70 milhões em defesa agropecuária, sendo R$ 1 milhão dedicado para esta simulação.

Gilberto Coelho é veterano do IMA desde 1972 e participante do simulado. Ele relembra que durante décadas a aftosa foi uma ameaça constante, com vacinação frequente e restrições comerciais nas propriedades afetadas. Mudanças importantes, como a transição para vacina oleosa em 1992 e programas de eliminação dos focos, abriram caminho para o controle da doença.

Hoje, Minas Gerais celebra o avanço na erradicação, mas reforça o papel dos produtores rurais para manter a vigilância e evitar retrocessos. “Cinquenta anos não é muito tempo frente à complexidade da doença. E a parceria entre governo e produtores é fundamental para preservar essa conquista”, conclui Gilberto Coelho.