Evento em Montes Claros reúne 1.500 profissionais e destaca ameaças à produção de mel e à segurança alimentar
Foto: Diego Vargas/Seapa

Mais de 1.500 pessoas ocupam o Parque João Alencar Athayde, em Montes Claros, até esta sexta-feira, para debater um dos maiores desafios da apicultura brasileira: os impactos da crise climática na produção de mel e na polinização. O 5º Congresso Mineiro de Apicultura e Meliponicultura e o 22º Seminário de Apicultura do Norte de Minas acontecem em um contexto estratégico, às vésperas da COP-30.

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A Federação Mineira de Apicultura (Femap) organiza o evento em parceria com a Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). Produtores, técnicos, pesquisadores e representantes de entidades trocam experiências e buscam soluções conjuntas para proteger o setor.

O secretário de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Thales Fernandes, recebeu homenagem durante a abertura do congresso pelo apoio ao desenvolvimento da apicultura em Minas Gerais. Ele destacou a relevância da atividade para a agricultura familiar.

“Milhares de produtores trabalham nesta cadeia e agregam valor no mel e no propólis. A Secretaria de Agricultura está presente, com a Emater, o IMA e a Epamig, trabalhando junto aos produtores e à Femap para fortalecer cada vez mais este setor”, afirmou Fernandes.

O evento também homenageou líderes do Sebrae-MG, Faemg/Senar, Codevasf e Ocemg, parceiros da iniciativa.

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Mudanças climáticas ameaçam abelhas e segurança alimentar

Os efeitos negativos da crise climática dominam as discussões do congresso. O vice-presidente da Femap, Elizeu Araújo, alerta para a urgência do tema.

“A mudança climática prejudica a produção de mel e afeta negativamente a biodiversidade e a segurança alimentar global, devido à dependência da polinização para a produção de alimentos. Precisamos debater e encontrar uma saída”, destacou Araújo.

O evento oferece palestras, painéis, oficinas e uma feira de produtos apícolas e novas tecnologias para o setor.

A escolha de Montes Claros como sede reflete a importância histórica e produtiva do Norte de Minas para a apicultura. A região, junto com o Vale do Jequitinhonha, concentra o maior número de abelhas do estado e produz o mel de aroeira, reconhecido por seus comprovados poderes medicinais.

A apicultura mineira movimenta números expressivos. O estado produz, em média, 7,67 mil toneladas de mel por ano, segundo dados da Emater-MG. A região Central lidera a produção estadual com 1.757.993 kg de mel, o que representa 22,90% do total. O Centro-Oeste mineiro vem em segundo lugar, com 1.415.230 kg (18,43%), seguido pelo Norte de Minas com 1.099.954 kg (14,33%) e Jequitinhonha/Mucuri com 1.053.190 kg (13,72%).

Agricultura familiar sustenta 80% da produção de mel

A agricultura familiar responde por aproximadamente 80% da produção de mel em Minas Gerais e cerca de 70% da produção de própolis. Dos 9.229 produtores do estado, 7.526 são agricultores familiares.

O mel mineiro alcança mercados internacionais exigentes, como União Europeia, Reino Unido, Japão e Canadá.

A Seapa apoia o setor com ações concretas. Em 2025, o governo estadual investiu mais de R$ 1,6 milhão na compra de 455 kits de apicultura, distribuídos em várias regiões mineiras.

Cada kit inclui cinco colmeias, carretilhas, cera de abelha, formão, fumigador, garfo desoperculador e equipamentos de segurança. A estrutura pode produzir entre 100 e 125 kg de mel por ano, além de própolis, pólen, cera e geleia real.

A diversificação também fortalece a rentabilidade da apicultura mineira. Em 2023, o estado produziu cerca de 260 toneladas de própolis, conquistando o primeiro lugar nacional na produção de própolis verde.