Estudo aponta adaptação ao turismo sustentável e preservação
Foto: Santuário do Caraça

Um estudo recente na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Santuário do Caraça, em Minas Gerais, revelou que os lobos-guarás estão habituados à presença de visitantes sem alterar seus comportamentos naturais.

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A pesquisa, realizada pelo projeto “Turismo de observação do lobo-guará como ferramenta de conservação” e apoiada pelo programa Semente, aponta a convivência pacífica entre animais e turistas, principalmente nas proximidades da Igreja Nossa Senhora Mãe dos Homens.

Foto: Santuário do Caraça

Dois casais de lobos-guarás vivem na reserva. Sampaia (8 anos) e Zico (6 anos) ocupam a área central do Santuário, enquanto Petrina (3 anos) e Lourenço (5 anos) habitam uma região mais rural conhecida como “baixada caracense”. As áreas utilizadas pelos casais não se sobrepõem, confirmando o comportamento territorialista típico da espécie.

O monitoramento por colares GPS e câmeras trap, em operação por 430 dias, mostrou que Sampaia percorreu cerca de 106,21 km², e Zico, 161,67 km². Petrina e Lourenço, acompanhados em períodos menores, circularam por áreas compatíveis com os padrões da espécie em ambiente selvagem. O estudo também indicou que, mesmo quando próximos a humanos, os lobos mantêm independência e preferem áreas preservadas para alimentação e descanso.

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Bernardo Borba, coordenador ambiental do Santuário do Caraça, destacou que o ambiente protegido garante segurança e condições ideais para a reprodução e sobrevivência dos lobos. Ele reforçou que o turismo sustentável é uma aliada da conservação.

Parceria

O projeto contou com parceria do Instituto Pró-Carnívoros e do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação dos Mamíferos Carnívoros (CENAP/ICMBio). Rogério Cunha, coordenador do CENAP, ressaltou o comportamento territorial e a ausência de disputa entre os casais.

Cascata dentro do Santuário. Foto: Santuário do Caraça

Além disso, o estudo registrou interações positivas entre lobos e visitantes no adro da igreja. Sampaia demonstrou mais conforto com a presença humana, embora o tempo próximo aos visitantes seja curto. Os lobos também circulam nas trilhas turísticas fora do horário de visitação, reforçando a coexistência harmoniosa.

O programa Semente, que financiou a pesquisa, conecta o Ministério Público de Minas Gerais a iniciativas socioambientais, viabilizando a conservação por meio do turismo consciente. Assim, a ação fortalece a proteção do lobo-guará, espécie vulnerável, e realça a importância da preservação do Cerrado.