Resumo da notícia
- O tarifaço dos EUA ainda atinge 22% das exportações brasileiras, após exclusão de 238 itens da lista de sobretaxas, incluindo produtos agrícolas como café e carne bovina, medida vigente desde 13 de novembro.
- Exportações brasileiras de US$ 40,4 bilhões aos EUA em 2024 sofrem tarifas variadas, com US$ 14,3 bilhões livres de sobretaxas e US$ 10,9 bilhões afetados por tarifas na siderurgia e alumínio.
- Negociações comerciais entre Brasil e EUA avançam após encontro entre Lula e Trump, com proposta enviada em novembro e discussões em temas tarifários e não tarifários, como energia renovável e big techs.
- Setores industriais brasileiros continuam pressionados por barreiras tarifárias, especialmente produtos de maior valor agregado, enquanto governo busca ampliar exceções e manter diálogo para reduzir obstáculos.
O tarifaço dos Estados Unidos ainda impacta 22% das exportações brasileiras. O presidente em exercício, Geraldo Alckmin, confirmou o dado nesta sexta-feira, no Palácio do Planalto. Ele comentou o avanço obtido após a Casa Branca excluir 238 itens da lista de sobretaxas.
Alckmin lembrou que o tarifaço atingiu 36% das vendas brasileiras no início das medidas. Ele afirmou que as negociações reduziram gradualmente essa fatia. “Com a retirada dos 238 produtos, reduzimos para 22% a parcela atingida”, disse o ministro.
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Os Estados Unidos revogaram a tarifa extra de 40% para itens majoritariamente agrícolas. A lista inclui café, carne bovina, banana, tomate, açaí, castanha de caju e chá. A medida vale desde 13 de novembro. O governo norte-americano também autorizou o reembolso de produtos exportados após essa data.
Impacto direto nas vendas externas
Dados do MDIC mostram o peso das tarifas sobre os US$ 40,4 bilhões exportados aos Estados Unidos em 2024. As informações revelam a seguinte distribuição:
• US$ 8,9 bilhões seguem com tarifa adicional de 40% ou 10% mais 40%.
• US$ 6,2 bilhões continuam sujeitos à sobretaxa de 10%.
• US$ 14,3 bilhões estão livres de tarifas extras.
• US$ 10,9 bilhões permanecem enquadrados nas tarifas horizontais da Seção 232, aplicadas à siderurgia e ao alumínio.
A secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, destacou que a fatia isenta cresceu 42% desde o início da crise. Ela avaliou que a indústria continua mais exposta às barreiras. “A indústria enfrenta mais dificuldade para buscar novos mercados do que as commodities”, afirmou. Aeronaves da Embraer seguem com tarifa de 10%.
Negociações continuam abertas
Alckmin afirmou que o avanço ocorreu após o encontro entre Donald Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Malásia, em outubro. O Brasil enviou uma proposta de acordo comercial aos Estados Unidos no dia 4 de novembro. O governo não divulgou detalhes do documento.
O presidente em exercício disse que as discussões incluem temas tarifários e não tarifários. A agenda trata de áreas como terras raras, big techs, energia renovável e o regime tributário para data centers. Ele confirmou que Lula também questionou a aplicação da Lei Magnitsky, que impôs sanções a autoridades brasileiras.
Alckmin disse que ainda não há reunião prevista entre Lula e Trump. O presidente brasileiro, no entanto, convidou o líder norte-americano para visitar o país.
Setores industriais continuam mais pressionados
Mesmo com o alívio para produtos agrícolas, o governo considera que a indústria segue como o principal ponto de atenção. Itens de maior valor agregado e produtos fabricados sob encomenda têm mais dificuldade para buscar novos compradores.
Alckmin afirmou que o governo continuará a negociar novas exceções. “Estamos otimistas. O trabalho não terminou, mas avança com menos barreiras”, declarou.