Resumo da notícia
- O mercado do cacau fechou a semana com forte alta após a ICCO revisar para baixo as estimativas globais, reduzindo o superávit da safra 2024/25 e a produção mundial, o que surpreendeu investidores e produtores.
- Estoques de cacau nos portos dos EUA caíram para o menor nível em nove meses, em 1,7 milhão de sacas, impulsionando os preços e motivando fundos especulativos a aumentarem posições vendidas, fomentando um rally no mercado.
- Na África Ocidental, apesar de boas projeções e colheitas na Costa do Marfim e Gana, as exportações iniciais caíram 3,7%, enquanto a Nigéria enfrenta queda na produção, mas mantém volume exportado estável.
- A demanda global permanece fraca, com vendas abaixo do esperado nos EUA e moagem de cacau na Ásia em queda de 17%, enquanto o equilíbrio entre oferta e demanda segue frágil, sujeito a impactos climáticos e políticos.
O mercado do cacau encerrou a semana em ritmo acelerado. Na sexta-feira, os contratos de março na ICE de Nova York subiram 8,07%, enquanto os de dezembro em Londres avançaram 4,34%. Foi uma reação em cadeia depois que a Organização Internacional do Cacau (ICCO) revisou para baixo suas estimativas globais, mudando o humor de investidores e produtores.
A nova previsão da ICCO aponta que o superávit global da safra 2024/25 deve cair para 49 mil toneladas, bem abaixo das 142 mil projetadas anteriormente. A produção mundial também perdeu fôlego: passou de 4,84 milhões de toneladas para 4,69 milhões. Essa virada pegou o mercado de surpresa, e traders voltaram às compras, especialmente com o dólar em baixa. Isso reforçou o movimento de recomposição de posições.
Esse cenário ganha força com outro dado: os estoques de cacau monitorados pela ICE nos portos dos EUA diminuíram para o nível mais baixo em quase nove meses, com 1,7 milhão de sacas. Com menos produto disponível, os preços encontraram um novo fôlego, impulsionados também por fundos especulativos que ampliaram posições vendidas, abrindo espaço para um rally.
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Na África Ocidental, o principal polo produtor do planeta, a história segue diferente. Mesmo com projeções otimistas e relatos de uma boa colheita na Costa do Marfim e em Gana, a chegada do grão aos portos marfinenses caiu 3,7% no início da safra. De 1º de outubro a 23 de novembro, foram embarcadas 618,9 mil toneladas, menos que no mesmo período do ano anterior.
Mercado
A fabricante americana Mondelez destacou que a contagem de vagens na África Ocidental está 7% acima da média dos últimos cinco anos, mas o excesso de otimismo convive com incertezas climáticas e regulatórias. O Parlamento Europeu adiou em um ano a aplicação da lei anti-desmatamento (EUDR), permitindo que o cacau de áreas sensíveis continue chegando ao bloco.
O quadro ainda é ampliado pela recuperação parcial da produção na Nigéria, quinto maior produtor mundial. Ela deve encolher 11% na próxima safra, segundo sua associação nacional. Mesmo assim, o país manteve o volume exportado em setembro estável.
Enquanto isso, a demanda global continua morna. A Hershey relatou vendas abaixo do esperado no Halloween, importante data para o setor nos Estados Unidos. E na Ásia, a moagem de cacau caiu 17% no terceiro trimestre, atingindo o menor nível em nove anos.
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A história recente reforça o tamanho das oscilações. Em maio, a ICCO havia registrado o maior déficit global em mais de seis décadas, de quase meio milhão de toneladas. Agora, a organização fala em um pequeno superávit, o primeiro em quatro anos , resultado de ajustes de produção e mercado. Ainda assim, o tom é de cautela: o equilíbrio entre oferta e demanda segue frágil. E qualquer mudança climática ou política pode alterar o rumo dos preços rapidamente.