Resumo da notícia
- O BNDES aprovou R$ 9,72 bilhões em financiamentos para 717 empresas afetadas pelas tarifas extras dos EUA, abrangendo grandes empresas e micro, pequenas e médias, como parte do Plano Brasil Soberano.
- São Paulo lidera os recursos aprovados, com R$ 2,96 bilhões, seguido pelos estados do Sul, e a indústria de transformação recebe a maior parte do crédito, totalizando R$ 7,8 bilhões.
- Apesar do recuo dos EUA em novembro, a sobretaxa adicional de 40% ainda atinge grande parte da indústria brasileira, mantendo alta a demanda por crédito, com 267 novos pedidos e R$ 4,55 bilhões em recursos solicitados.
- O BNDES flexibilizou as regras de elegibilidade, reduzindo o limite de faturamento de exportação para 1% e incluindo fornecedores das exportadoras na linha de apoio, ampliando a proteção para toda a cadeia produtiva.
A tensão comercial acirrada com os Estados Unidos, marcada pela imposição de tarifas extras sobre produtos brasileiros, encontrou uma trincheira de resistência no crédito. E os números mostram a escala da batalha: o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) já aprovou impressionantes R$ 9,72 bilhões em financiamentos para empresas no front do “tarifaço”. A linha de frente do Plano Brasil Soberano, criado como resposta direta às medidas do governo Trump, já mobilizou 717 operações de crédito.
A cena é de uma corrida contra o tempo e os impactos econômicos. De um lado, 171 grandes empresas receberam o sinal verde para recursos. Do outro, um contingente significativo de 546 micro, pequenas e médias empresas também conseguiram aprovação, mostrando que o alcance da medida busca proteger desde os grandes players até a base da cadeia produtiva.
“O Plano foi uma determinação importante diante de um ataque unilateral e ajudou a proteger empregos e a ampliar a resiliência da nossa indústria”, defende o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante. Para ele, os quase R$ 10 bilhões aprovados reforçam o papel do banco na execução de uma “política pública exitosa”.
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O mapa do auxílio desenha claro o eixo industrial do país. São Paulo lidera, com R$ 2,96 bilhões aprovados, seguido pelos estados do Sul: Rio Grande do Sul (R$ 1,33 bi), Santa Catarina (R$ 1,26 bi) e Paraná (R$ 1,08 bi). No campo setorial, a indústria de transformação carrega o peso maior do conflito, absorvendo sozinha R$ 7,8 bilhões do total. Comércio e serviços vêm depois, com R$ 1,21 bilhão.
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Aqui que a história toma um novo fôlego. Mesmo com o anúncio de um recuo tático dos Estados Unidos em novembro – que retirou carnes, café e algumas frutas da lista de tarifas extras –, a pressão continua firme. “A maior parte da indústria brasileira ainda conta com 40% de sobretaxa adicional”, lembra Nelson Barbosa, diretor do BNDES.
A prova está nos números. No final de novembro, o governo reabriu as consultas de elegibilidade, ajustando as regras para tornar o crédito mais acessível. O resultado? Uma enxurrada de novos pedidos. Em poucas semanas, 267 novos protocolos surgiram, somando uma demanda adicional de R$ 4,55 bilhões. O apetite por recursos, claramente, não diminuiu.
A mudança nas regras foi crucial. No início, o crédito focava em empresas com faturamento de exportação para os EUA superior a 5% do total. Agora, esse limite caiu para apenas 1%, e a grande novidade: os fornecedores dessas empresas exportadoras também ganharam o direito de pleitear o apoio. É o BNDES tentando blindar não só quem exporta, mas toda a rede produtiva por trás das mercadorias.
Enquanto acadêmicos e economistas debatem os rumos da economia em eventos como a Semana de Economia Brasileira – que conta com patrocínio do próprio BNDES –, nas agências de bancos por todo o país, a realidade é mais prática. Empresários buscam informações, preenchem formulários e tentam garantir que suas operações sobrevivam a uma guerra comercial que, pelos dados, está longe de ter um armistício. A linha de crédito virou, pelo menos por ora, o principal escudo disponível.