As mudanças climáticas, especialmente a influência do fenômeno La Niña, devem impactar significativamente os preços da alimentação na próxima safra no Brasil. Especialistas alertam que as condições climáticas adversas podem afetar a produção agrícola, resultando em uma elevação nos custos dos alimentos.
O La Niña, caracterizado pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico, pode provocar alterações nos padrões de chuva e temperatura, impactando diretamente as safras de diversos produtos agrícolas. Essa situação pode levar a uma redução na oferta de alimentos, o que, por sua vez, tende a elevar os preços no mercado.
Para enfrentar esses desafios, ferramentas digitais têm se mostrado aliadas importantes para os agricultores. A utilização de tecnologias de monitoramento climático e gestão agrícola pode auxiliar na tomada de decisões mais informadas, permitindo que os produtores se adaptem rapidamente às mudanças nas condições climáticas. Essas soluções digitais podem otimizar o uso de insumos e melhorar a eficiência na produção, ajudando a mitigar os efeitos negativos das mudanças climáticas.
Com a expectativa de que o La Niña continue a influenciar o clima nos próximos meses, é crucial que os agricultores se preparem e adotem estratégias que possam garantir a sustentabilidade e a rentabilidade de suas atividades. A combinação de tecnologia e práticas agrícolas adaptativas pode ser a chave para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas. E também garantir a segurança alimentar no Brasil.
Impactos no Brasil
As expectativas apontam para um período com menos chuvas no Centro-Sul do País, concentrando as precipitações nas regiões Norte e Nordeste.
No que se refere à safra de soja 2024/2025, agricultores já buscam seus insumos para o novo ciclo. E se preparam para iniciar o plantio, que deve ser puxado por Mato Grosso em setembro. Porém, os desafios começaram antes mesmo da temporada.
Por conta dos padrões de chuva atípicos, os agricultores devem planejar o plantio e o manejo de forma a mitigar os efeitos do La niña. Algumas estratégias, como a escolha de cultivares certificadas, de alta qualidade, mais precoces ou tardias (dependendo da região), escalonamento de plantio, uso de tratamento de sementes, aplicações preventivas e com intervalos corretos de fungicidas, bem como o auxílio de ferramentas digitais, podem reduzir os riscos de perda de produtividade.
De acordo com a diretora de Marketing para Sistemas de Cultivo Soja da Divisão de Soluções para Agricultura da BASF, Graciela Mognol, esse é o momento para o agricultor analisar o cenário em sua região. E tomar decisões de compra baseadas em dados, procurando profissionais capacitados para auxiliá-lo.
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“Podemos ter secas na região Sul do Brasil, principalmente no período inicial, quando o cultivo ainda está se adaptando no solo. Já no Cerrado, especialmente em Mato Grosso, vemos chuvas em excesso, principalmente no momento da colheita. Entender essa complexidade climática é fundamental para que se possa extrair o máximo da lavoura e minimizar impactos”, afirma.
Escolhendo cultivares e momento de plantio
Na hora de decidir as cultivares de soja e escolher o momento do plantio, a dica é não apostar todas as fichas em uma só estratégia. Optar por cultivares com diferentes níveis de maturação e combinar com escalonamento de plantio (semear a lavoura em momentos diferentes) pode ser uma alternativa interessante.
Para o Sul, a dica é escolher cultivares médias e tardias, que possuem um ciclo mais longo, considerando a previsão de período de seca na fase vegetativa da lavoura. Dessa forma, o agricultor abre uma janela maior de recuperação para que a planta se desenvolva. Optando por cultivares muito precoces, o risco é comprometer todo o potencial produtivo por conta da escassez hídrica.
Já no Cerrado, o apodrecimento de vagens e grãos pode ser uma grande dor de cabeça. Isso em decorrência da previsão de chuvas na época de colheita. Por isso, escolher cultivares com tolerância a doenças de fim de ciclo. E que suportem o clima mais úmido nessa fase. Além de escalonar a semeadura para conseguir colher as áreas em momentos diferentes, é decisivo no resultado da safra.
Além disso, existem ferramentas podem ser grandes aliadas na tomada de decisão dos agricultores. A solução de semeadura em taxa variável permite que seja realizada uma melhor distribuição das sementes de acordo com potencial produtivo de cada talhão. Possibilitando assim uma maior eficiência no uso de insumos, melhor uniformidade no campo e maior produtividade.
Outra solução é a de gestão nutricional do talhão que oferece uma coleta de solo otimizada e uma recomendação digital de nutrientes e corretivos de solo em taxa variável. Essas e outras soluções contribuem para aumentar a produtividade e a rentabilidade no campo por meio de tecnologias somadas ao conhecimento agronômico.
Prevenir doenças é melhor que tentar controlar
Já para o manejo de doenças, os fungicidas preventivos e seletivos serão uma das chaves para alcançar a máxima produtividade na safra 2024/2025. O mais recomendado é impedir que doenças como ferrugem, mancha-alvo, cercospora e mofo-branco se instalem na lavoura, em vez de realizar manejos curativos, que não conseguem controlar 100% da disseminação dos patógenos. Por isso, as primeiras aplicações de fungicidas são essenciais.
Por conta do cenário de chuvas mais irregulares no Sul, por exemplo, alguns agricultores podem escolher aumentar o intervalo entre as aplicações, visando reduzir a fitotoxicidade (danos nas folhas). No entanto, essa decisão pode piorar o cenário futuro: quando a área estiver mais úmida, as doenças podem evoluir de forma rápida.
Para reduzir esses danos, duas práticas são fundamentais: escolher soluções altamente seletivas e programar aplicações noturnas, que têm o intuito de reduzir os efeitos dos raios solares fortes e das altas temperaturas, que podem causar danos às folhas e reduzir a produção.