O Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) está incentivando produtores orgânicos a diversificarem suas atividades, permitindo que alimentos convencionais e orgânicos sejam produzidos na mesma linha de produção. De acordo com o Decreto Federal 6.323/2007, que regulamenta a agricultura orgânica no Brasil, essa prática é possível desde que certificadoras aprovem e monitorem o processo.
Pedro Rossi, engenheiro agrônomo do Tecpar Certificação, explica que a produção paralela pode ocorrer nas unidades de produção que processam produtos orgânico. Isso desde que haja separação rigorosa dos processos produtivos. “Essa é uma oportunidade de ampliar os lucros sem aumentar consideravelmente os custos. Muitas empresas desconhecem que é possível produzir, por exemplo, suco de uva orgânico na mesma máquina que se usa para o suco convencional, seguindo as normas e passando pela auditoria do Tecpar”, destaca Rossi.
O selo “Produto Orgânico do Brasil”, concedido após análise de conformidade realizada por um organismo credenciado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), é um exemplo de reconhecimento que o Tecpar pode oferecer. O Tecpar foi o primeiro credenciado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, no âmbito do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica, em 2010.
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Na auditoria, os técnicos verificam se a matéria-prima é orgânica e se o processo segue as normativas vigentes. “A legislação exige que todos os produtos sejam identificados corretamente e que os orgânicos sejam mantidos separados dos não orgânicos durante toda a produção e armazenamento”, ressalta Rossi.
Produção paralela
Um caso de sucesso é o do Sítio Santa Rita, em Bocaíuva do Sul, que, com apoio do Tecpar, adotou a produção paralela. Selma Maria de Andrade, produtora do sítio, relata que inicialmente produziam apenas doces e pães orgânicos, mas, com a baixa demanda local, passaram a produzir também pães e bolachas convencionais. “Produzimos primeiro os orgânicos e, depois, os convencionais, garantindo que não haja contaminação cruzada”, explica Selma.
O Tecpar também orienta sobre a inclusão de aditivos e conservantes permitidos em alimentos orgânicos industrializados. Para obter o reconhecimento como orgânico, um produto processado deve conter pelo menos 95% de ingredientes de origem orgânica. E os demais 5% não podendo incluir substâncias proibidas, como transgênicos.
A diversidade de produtos que já receberam o Selo Orgânico Brasil pelo Tecpar inclui desde chás e sucos até carnes resfriadas e temperos. Isso demonstra o potencial e a confiança que os consumidores têm nos produtos certificados.
Selma enfatiza a importância da certificação: “Ter o selo orgânico auditado transmite confiança aos clientes e aumenta a procura pelos nossos produtos.”