O preço do café no Brasil enfrenta uma escalada alarmante, com projeções indicando que pode alcançar quase R$ 50 em 2025. Essa alta resulta de uma combinação de fatores climáticos adversos e o aumento nos custos de produção.
O grão moído apresentou um aumento de quase 33% nos últimos 12 meses até novembro, conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado recentemente.
Nos supermercados, o pacote de 1 kg é vendido, em média, a R$ 48,57, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). Em janeiro, o preço era de R$ 35,09.
No mercado internacional, o preço do café atingiu um recorde histórico, alcançando o maior valor em quase 50 anos. Em 10 de dezembro de 2024, os preços subiram 5,5% na bolsa de Nova York, chegando a US$ 3,44 por libra-peso. Além disso, esse aumento se deve a uma crise de oferta provocada por mudanças climáticas severas. Ou seja, secas prolongadas impactaram as colheitas no Brasil, o maior produtor mundial de café arábica.
A produção brasileira de café arábica foi revisada para apenas 34,4 milhões de sacas em 2024, representando uma redução significativa de 11 milhões de sacas em relação às estimativas anteriores.
Leia mais:
+ Agro em Campo: Macadâmia, pesquisadores identificam principais doenças no Brasil
+ Agro em Campo: IBGE prevê safra menor em 2024 e recuperação para 2025
Essa diminuição resulta diretamente da intensa seca que afeta as plantações e dos desafios enfrentados pelo Vietnã, principal produtor de café robusta.
Causas da Alta dos Preços
- Condições Climáticas: A seca severa e as altas temperaturas em regiões produtoras, como o Espírito Santo, causaram perdas significativas nas lavouras. Esses eventos climáticos extremos reduziram a produtividade tanto do café arábica quanto do robusta, impactando diretamente a oferta global.
- Aumento Global dos Preços: O preço do café arábica atingiu seu nível mais alto em 13 anos, com um aumento superior a 70% ao longo do ano. O café robusta também registrou um aumento significativo devido à escassez na produção global provocada por problemas climáticos em outros países produtores, como o Vietnã.
- Custos de Produção: O aumento nos custos de insumos, como fertilizantes e logística, também contribui para os preços elevados. A guerra na Ucrânia e os conflitos no Oriente Médio exacerbam esses custos e afetam toda a cadeia produtiva do café.
Expectativas para 2025
Os especialistas preveem que os preços continuarão a subir devido à persistência dos fatores mencionados. Mesmo que as condições climáticas melhorem, a recuperação da produção será gradual.
As empresas líderes do setor já anunciaram reajustes significativos nos preços, com algumas marcas prevendo aumentos de até 40% em janeiro de 2025.
Essa combinação sugere que os consumidores brasileiros devem se preparar para um cenário onde o café se tornará cada vez mais caro nos próximos meses.
A Nestlé, maior produtora de café do mundo, anunciou que aumentará os preços de seus produtos e reduzirá o tamanho das embalagens para mitigar os efeitos do aumento dos custos.
Além disso, a pressão sobre os preços pode impactar toda a cadeia produtiva do café, desde os produtores até os torrefadores e as cafeterias.
Diante dessa situação, o café se torna uma das commodities mais valorizadas do ano, refletindo não apenas as dificuldades nas safras, mas também um cenário econômico global desafiador.