A escova de dente moderna surgiu na China, por volta de 1498. No século XV, a escova de dente era feita de pelo de animais, principalmente porcos e cavalos. A técnica rudimentar e primitiva machuva a boca e acumulava umidade, causando mofo.
A evolução da escova de cerda aconteceu no século XVIII, quando os ingleses introduziram uma escova dental mais moderna. Assim, as cerdas de pelo de porco eram fixadas em buracos perfurados no osso que servia como cabo.
De lá para cá, o uso de pelo de porco em escovas e pincéis foi se modernizando e ganhando um padrão de qualidade em escala global.
Importação no Brasil
O Brasil importou aproximadamente 183 toneladas de cerdas (pelos) de porco lavadas, alvejadas ou desengorduradas em 2023, totalizando cerca de R$ 1,7 milhão. Com uma robusta produção de suínos, o país não descarta a possibilidade de se tornar um processador dessas cerdas no futuro. O mercado está em expansão em todo o mundo.
“Caso seja viável economicamente, o processamento de cerdas de porco pode ser iniciado e/ou expandido no Brasil visando conquistar parte do mercado”, afirmou a veterinária Priscila Cavalheiro Marcenovicz, analista de suinocultura no Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento.
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Segundo o Agrostat, plataforma do Ministério da Agricultura e Pecuária que monitora o comércio exterior, as importações de cerdas de porco atenderam cinco estados. O Rio Grande do Sul foi o principal destino, com 76% das compras. Pernambuco (14%), São Paulo (7%), Santa Catarina (2%) e Paraná (1%) também fazem parte desse mercado. Nos primeiros cinco meses de 2024, o Brasil já importou 61 toneladas de cerdas, o que equivale a R$ 529 mil.
Amplo mercado internacional
A utilização de cerdas de porco possui diversas aplicações na indústria, incluindo a fabricação de escovas, pincéis e até mesmo a produção de alguns tipos de fios e tecidos. Além disso, em países como a China e a Alemanha, o processamento de cerdas suínas é uma indústria estabelecida há décadas. Ou seja, é a garantia de um mercado consistente e lucrativo.
Na China, por exemplo, o uso das cerdas de porco é historicamente relevante, sendo um dos maiores exportadores mundiais desse material. Além disso, a qualidade das cerdas chinesas é altamente reconhecida. O país asiático tem investido em tecnologias avançadas para aprimorar o processamento e aumentar a eficiência da produção.
Da mesma forma, a Alemanha também tem um mercado significativo para as cerdas de porco, focando em métodos sustentáveis de processamento que reduzem o impacto ambiental. Além disso, a indústria alemã valoriza a qualidade das cerdas e tem desenvolvido técnicas para maximizar o uso do material, contribuindo para a economia circular e reduzindo desperdícios.
Portanto, esses exemplos internacionais mostram que, com investimento em tecnologia e infraestrutura, o Brasil tem potencial para se tornar um importante processador e exportador de cerdas de porco, agregando valor à sua já forte indústria suinícola.