Diante da crise econômica no cultivo de palmito, a família Pacheco, de Luiz Alves (SC), encontrou uma oportunidade ao diversificar a produção agrícola com banana orgânica certificada em sistema biodinâmico. O sítio Vale das Bananas, além de produzir sem agrotóxicos, segue critérios rigorosos que respeitam o equilíbrio natural, garantindo um produto sustentável e de alta qualidade.
Vanessa Corrêa Pacheco, produtora do sítio, explica que a decisão pela banana orgânica nasceu de uma visão sustentável herdada dos pais. “Quando começamos a plantar banana queríamos que fosse sem agrotóxico, de forma sustentável. E quando conhecemos outras propriedades que também adotaram o sistema biodinâmico, em Águas Mornas, nos identificamos muito. Um ano depois de obtermos o selo da SPG-Abio, conseguimos a certificação da ABDSul”, comemora.
A diferença entre o cultivo orgânico e o biodinâmico está no manejo mais detalhado do segundo, que utiliza o calendário lunar para definir etapas como o desfolhe e a colheita. Raphael Pacheco destaca que “fazer o manejo no dia em que a planta está plenamente disponível produz um fruto com mais qualidade. Nós deixamos a fruta no pé mais tempo e mesmo assim, ela não perde tempo de prateleira, sua vida útil é mais longa”.
Inovação na agroindústria: banana-passa, farinha e chocolates
Após a perda de um grande cliente em 2020, a família transformou o excedente de banana em novos produtos, agregando valor à produção. Hoje, o carro-chefe é a banana-passa, além da produção de banana coberta com chocolate branco, ao leite e 70% cacau, e farinha de banana verde, um alimento sem glúten e com amido resistente, recomendado para controle da diabetes. Vanessa ressalta que “como ela tem sabor neutro, pode ser adicionada tanto em pratos doces quanto salgados e até sobremesas”.
Apoio técnico e financeiro da Epagri
O extensionista da Epagri, Bruno Krauss Salvador, destaca o pioneirismo da família Pacheco e a crescente demanda por alimentos saudáveis. O suporte técnico da Epagri foi fundamental para aprimorar a produção, por meio de programas como Terra Boa Calcário e Kit Solo Saudável, além de financiamentos via Pronaf e Pronamp Agro SC.
“No caso das bananas, é um enorme desafio a produção orgânica, pela dificuldade de fornecimento de adubação adequada e combate à doenças fúngicas como a sigatoka. Sem falar na falta de mão de obra que, neste caso, é bem mais exigente”, ressalta o extensionista.
Bananicultura orgânica no Brasil
Segundo dados da Embrapa, o cultivo orgânico de banana ainda é pouco expressivo no Brasil, correspondendo a cerca de 0,34% da área total plantada, com aproximadamente 1.600 hectares dedicados ao sistema orgânico. A produção nacional conta com mais de 9 mil produtores orgânicos cadastrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
A bananicultura orgânica exige manejo cuidadoso do solo, com cobertura viva e uso de compostos orgânicos, além do controle biológico de pragas e doenças. Variedades resistentes às principais doenças, como sigatoka-negra e mal-do-panamá, são fundamentais para o sucesso do cultivo sem agrotóxicos.
Sustentabilidade
A experiência da família Pacheco reflete uma tendência de valorização da produção sustentável e orgânica, que alia qualidade, respeito ao meio ambiente e inovação. Com o apoio técnico e financeiro adequados, produtores rurais podem transformar desafios em oportunidades, agregando valor à cadeia produtiva. E atendendo a um mercado consumidor cada vez mais exigente por alimentos saudáveis.
Leia mais:
+ Agro em Campo: Brasil adota novo padrão oficial para cafés especiais
+ Agro em Campo: Safra da Lagosta 2025: governo estabelece novas regras para pesca sustentável
O nosso site está disputando o mais importante prêmio do jornalismo no Brasil, OS MAIS ADMIRADOS DO AGRONEGÓCIO. Clique no link da pesquisa ( https://pesquisa.portaldosjornalistas.com.br), escolha a categoria site, selecione AGRO EM CAMPO (IG) e nos ajude a continuar crescendo