Resumo da notícia
- A maioria dos produtores de feijão no Brasil cultiva pequenas áreas, com 97% das lavouras abaixo de cinco hectares, distribuídas em mais de 533 mil propriedades rurais.
- Grandes lavouras, embora representem apenas 0,5% do total, concentram 75% da produção nacional de feijão nos principais estados produtores.
- % da produção brasileira abastece o mercado interno, enquanto as pequenas propriedades destinam grande parte do feijão ao autoconsumo, com 59% do feijão de cor e 38% do preto fora do mercado.
- O Brasil tornou-se exportador líquido de feijão desde 2017/18, com exportações crescendo 22% em dez anos; projeções indicam leve queda na produção até 2033, mas aumento nas exportações pode alterar esse cenário.
A maioria dos produtores de feijão cultiva pequenas áreas no Brasil. Segundo a Embrapa Arroz e Feijão, 97% das lavouras têm menos de cinco hectares. Esses cultivos estão distribuídos em 533,5 mil propriedades rurais.
Apesar da predominância numérica, as grandes lavouras concentram a produção. Plantios acima de 50 hectares representam apenas 0,5% do total, mas respondem por 75% do feijão colhido nos principais estados produtores.
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Pesquisa da Embrapa detalha perfil do setor
O estudo utilizou dados do Censo Agropecuário 2017, publicado em 2023 pelo IBGE. Os pesquisadores classificaram as áreas em três categorias: pequenas (até 5 ha), médias (de 5 a menos de 50 ha) e grandes (a partir de 50 ha).
Segundo o socioeconomista da Embrapa, Alcido Wander, o tamanho da lavoura de feijão não corresponde ao da propriedade rural. Além disso, ele explica que a área de cultivo pode estar dentro de fazendas pequenas, médias ou grandes.
Produção e consumo do feijão brasileiro

As grandes lavouras, cerca de 3 mil, colheram mais de 1,2 milhão de toneladas de feijão. Já as pequenas áreas contribuíram principalmente para o autoconsumo. Em geral, nessas propriedades, 59% do feijão de cor e 38% do feijão preto ficaram fora do mercado.
No total, 87% da produção abasteceu o mercado interno. Ou seja, pouco mais de 200 mil toneladas foram destinadas ao consumo das famílias rurais.
Exportações superam importações
Nos últimos dez anos, a produção brasileira variou de 2,5 a 3,4 milhões de toneladas. O abastecimento contou também com importações anuais próximas de 100 mil toneladas. Wander observa que o consumo per capita caiu para 13,2 quilos por habitante ao ano.
Ao mesmo tempo, as exportações cresceram. Desde a safra 2017/18, o Brasil tornou-se exportador líquido de feijão. Na safra 2023/24, o País exportou 150 mil toneladas, alta de 22% em relação a dez anos atrás.
Projeções para 2033

De acordo com o Ministério da Agricultura, a produção deve cair levemente até 2032/33, alcançando 2,9 milhões de toneladas. O consumo esperado é de 2,7 milhões de toneladas e as importações devem ficar em torno de 65 mil toneladas. “Essas projeções podem mudar com aumento das exportações ou do consumo interno”, afirma Wander.