O pequizeiro (Caryocar brasiliense Camb.) é a árvore símbolo do Cerrado, um bioma característico do Brasil, de onde vem o pequi. Esta frutífera nativa é encontrada predominantemente na Região Centro-Oeste, mas também se estende por partes das Regiões Sudeste, Norte e Nordeste. A frutificação do pequizeiro ocorre entre os meses de outubro e março, com a colheita sendo realizada quando os frutos maduros caem ao chão.
Muitas famílias, especialmente pequenos agricultores, dependem da comercialização dos frutos do pequizeiro para gerar renda. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a extração do pequi no Brasil em 2021 superou 74 mil toneladas, com Minas Gerais respondendo por mais da metade dessa produção. Vale ressaltar que esses números podem ser ainda maiores, uma vez que grande parte da comercialização ocorre no mercado informal.
O pequi enriquece a culinária regional com sua versatilidade, sendo apreciado puro ou como destaque em pratos tradicionais, como arroz com pequi e galinhada, que são símbolos da gastronomia local. O fruto também ganha espaço na agroindústria, onde se transforma em conservas, molhos, licores, sorvetes e picolés, ampliando sua presença no mercado e valorizando a cultura alimentar da região.
Inovação: Embrapa lança novas cultivares de pequi
Recentemente, a Embrapa Cerrados e a Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater-GO) lançaram seis novas cultivares de pequi. Sendo três delas com espinhos e três sem espinhos.
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Esta é a primeira vez que cultivares de uma fruteira nativa arbórea perene do Cerrado são introduzidas no mercado. Segundo Ailton Pereira, pesquisador da Embrapa Cerrados, “chegamos a esse resultado com muito trabalho, esforço, ciência e tecnologia”, após 25 anos de pesquisa em parceria com diversas instituições.
Diversificação genética e sustentabilidade
As novas cultivares foram registradas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para cultivo em pequena escala na região de Goiânia e em áreas com condições semelhantes. Pereira destaca que o lançamento simultâneo de seis cultivares visa diversificar geneticamente as plantações para favorecer a fecundação cruzada e aumentar a produção de frutos. Essa estratégia também atua como uma medida preventiva contra doenças e pragas.

Com as variedades sem espinhos, espera-se um aumento no consumo do pequi, facilitando o manuseio e a extração da polpa. Além disso, essa característica torna o fruto mais atrativo para aqueles que têm resistência ao seu consumo devido aos espinhos.
Nova lei para manejo sustentável do pequi
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei 15.089/25. Ela estabelece uma Política Nacional para o Manejo Sustentável do Pequi e outros frutos nativos do Cerrado. Publicada no Diário Oficial da União em 8 de janeiro de 2025, a norma visa equilibrar a preservação ambiental com o desenvolvimento socioeconômico das comunidades que dependem desse bioma.
Além disso, a nova legislação proíbe a derrubada de pequizeiros, exceto em situações específicas e mediante autorização dos órgãos competentes. Entre as finalidades da política estão a promoção de práticas sustentáveis, reflorestamento e criação de um selo para identificar a qualidade dos produtos do Cerrado.
O pequizeiro não apenas representa um símbolo cultural do Cerrado, mas também desempenha um papel crucial na economia local. Com inovações como novas cultivares e políticas públicas voltadas para o manejo sustentável, há um potencial significativo para fortalecer as comunidades que dependem dessa árvore emblemática. A combinação de práticas sustentáveis com o desenvolvimento econômico pode garantir um futuro promissor para o pequi e seus produtores.