Identificar a “impressão digital” da carne gaúcha. Isso considerando os diferentes sistemas de produção e suas implicações para a saúde humana. Esse é objetivo de um projeto que envolve uma equipe multidisciplinar composta por mais de 20 pesquisadores de instituições brasileiras. Essa equipe está conduzindo um estudo pioneiro liderado pela Embrapa Pecuária Sul (RS).
Com o suporte da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs), os pesquisadores utilizam técnicas avançadas de metabolômica. Elas são capazes de analisar detalhadamente os sistemas biológicos dos animais. Essa abordagem promete mapear como fatores como solo, raça e sistema produtivo afetam a composição da carne, estabelecendo uma relação direta com os impactos nutricionais e de saudabilidade para os consumidores.
O projeto, intitulado “Prospecção nutricional e metabolômica da carne bovina produzida em sistemas pecuários modais do Rio Grande do Sul e seus potenciais impactos na saúde humana”, também empregará inteligência computacional (IC). A tecnologia ajudará a desenhar modelos e algoritmos que correlacionem informações do ambiente de produção com o perfil nutricional da carne.
Esses dados, armazenados em um banco de informações robusto, incluem detalhes como tipo de solo, dieta animal, idade de abate e localização geográfica. O objetivo é identificar padrões nutricionais e de saudabilidade associados aos diferentes sistemas produtivos. Pesquisadores poderão aplicar esses padrões em outras pesquisas no Brasil e em mercados internacionais, oferecendo subsídios para decisões mais conscientes.
Contribuição para a sociedade e combate à desinformação
Os resultados do estudo serão organizados em um dossiê acessível à sociedade, com informações sobre as características nutricionais e saudáveis da carne gaúcha. A pesquisa busca combater desinformações sobre a composição da carne e seu impacto na saúde humana, ao mesmo tempo que oferece dados para subsidiar o Guia Alimentar para a População Brasileira.
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“A carne bovina do Rio Grande do Sul apresenta características únicas, tanto pela eficiência dos sistemas produtivos quanto pela sua qualidade nutricional. Os dados obtidos poderão criar subsídios para distinções de origem e certificações de qualidade,. E ampliar o mercado para a carne gaúcha”, afirma Élen Nalério, pesquisadora da Embrapa e líder do projeto.
Impacto nacional e internacional
Embora o foco inicial seja o Rio Grande do Sul, o projeto também visa desenvolver metodologias que possam ser aplicadas em outras regiões do Brasil. A intenção é expandir o estudo para diferentes biomas e sistemas de produção, ampliando o conhecimento sobre a carne brasileira como um todo.
Além disso, a pesquisa pode servir de base para o fortalecimento de mercados internacionais, destacando a qualidade da carne nacional e alinhando a produção aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Metodologia e análises detalhadas
A equipe coleta dados nas propriedades rurais e em frigoríficos, combinando informações sobre alimentação, raça, sexo, idade de abate e emissões de metano com análises de carcaças e amostras de carne, como o músculo Longissimus dorsi. Essas amostras passarão por análises físico-químicas, de ácidos graxos, vitaminas, minerais e metabolômica.
O projeto reforça o compromisso da ciência brasileira com inovação, sustentabilidade e a valorização dos produtos nacionais. Por meio de uma abordagem multidisciplinar, ele demonstra como tecnologia e pesquisa de ponta podem transformar a forma como a carne bovina é produzida, consumida e valorizada globalmente.