O modo tradicional de preparo de alimentos pelas mulheres e suas famílias nas zonas rurais de Gramado, Canela e São Francisco de Paula pode ganhar o reconhecimento como Patrimônio Cultural Imaterial do Rio Grande do Sul. O objetivo do inventário de referências culturais, que será realizado nas comunidades rurais desses municípios nos próximos meses, é documentar e valorizar essas práticas.
Em junho, três seminários vão apresentar a finalidade e a funcionalidade do inventário, além de mobilizar a comunidade para participar do processo. Gramado recebe o evento no dia 3, no Horto Municipal. Em São Francisco de Paula, o seminário ocorre no dia 4, no salão comunitário de Campestre do Tigre. A data em Canela ainda está em definição. Estimativas informais indicam que pelo menos 350 famílias da região mantêm, diariamente, hábitos que podem compor o inventário.
Protagonismo feminino e tradição no preparo de alimentos
O preparo de alimentos nas comunidades serranas destaca o protagonismo das mulheres, que impulsionam a cadeia produtiva, geram emprego e renda, e preservam tradições culturais ancestrais. Essas práticas são transmitidas de geração em geração desde a chegada de imigrantes italianos e alemães ao Brasil. E fortalecem a identidade e o sentimento de pertencimento nas comunidades.
“Queremos identificar e documentar para promover as práticas culturais dessas mulheres”, afirma Fernanda Pereira, especialista em Patrimônio Cultural do projeto. “O processo de preparo dos alimentos pelas famílias carrega forte traço cultural e reúne todas as características de patrimônio cultural imaterial”, destaca.
Inventário de referências culturais valoriza a cultura gaúcha
O inventário de referências culturais utiliza métodos internacionais para identificar e documentar práticas culturais das comunidades. “Nosso objetivo é destacar o protagonismo das mulheres da região, que preservam a cultura gaúcha e fortalecem a economia local”, ressalta Adriane Laste, coordenadora executiva do projeto.
Os encontros para apresentação da metodologia e identificação dos entrevistados contam com a participação de representantes das prefeituras, Emater/RS-Ascar, associações rurais, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae), Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e entidades da sociedade civil.
Sandra de Moraes Silva, extensionista social da Emater/RS-Ascar de São Francisco de Paula, reforça. “A Emater já promove o resgate cultural e o fortalecimento das comunidades rurais, inclusive com o resgate de receitas tradicionais. Este projeto amplia o alcance e a efetividade dessas ações. Em São Francisco de Paula, o seminário acontece na comunidade de Campestre do Tigre, de origem italiana, reconhecida pela forte presença de tradições culturais, o que destaca a importância do inventário”.
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