Resumo da notícia
- O javali, espécie exótica introduzida na década de 1980, se espalhou pelo Brasil, causando danos em lavouras e ameaçando a pecuária, especialmente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
- A alta capacidade reprodutiva do javali, com até 20 filhotes por fêmea ao ano, resulta em prejuízos bilionários ao agronegócio, destruindo plantações e transmitindo doenças aos rebanhos.
- Autoridades defendem controle rigoroso da espécie, considerada praga, mas enfrentam desafios burocráticos e debates sobre métodos de manejo que evitem maus-tratos e garantam segurança.
- Além dos danos econômicos, javalis representam risco físico a trabalhadores rurais, pois podem atacar com agressividade, colocando em perigo a segurança das comunidades no campo.
O avanço descontrolado do javali (Sus scrofa), também chamado de javaporco quando cruza com porcos domésticos, tornou-se um dos maiores desafios do agronegócio brasileiro. O animal já ocupa áreas do Sul, Sudeste, Centro-Oeste e avança para o Nordeste, afetando lavouras, ameaçando rebanhos e preocupando comunidades rurais.
Como o javali chegou ao Brasil
A espécie é exótica, ou seja, não faz parte da fauna nativa. Empresários introduziram o javali oficialmente na década de 1980, acreditando na abertura de um mercado para produção e consumo de carne exótica. Na época, criadores importaram muitos animais da Europa e da Ásia para criação em cativeiro.
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Porém, o mercado não se consolidou, a fiscalização falhou e inúmeros criadores abandonaram os plantéis. Com alta adaptabilidade, os javalis escaparam, encontraram abundância de alimento nas lavouras e passaram a se multiplicar de forma acelerada.
Hoje, estima-se que milhões de javalis circulem pelo Brasil, com densidade maior no Sul e no Centro-Oeste, regiões de forte produção agrícola.
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Riscos concretos para agricultura e pecuária
A capacidade reprodutiva impressiona: uma única fêmea pode gerar até 20 filhotes por ano. Esse crescimento explosivo resulta em prejuízos expressivos:
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Agricultura: javalis invadem plantações de milho, soja, feijão e cana-de-açúcar. Pisoteiam lavouras, arrancam raízes e chegam a destruir hectares inteiros em poucas horas.
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Pecuária: os animais destroem cercas, rompem bebedouros e competem com bovinos e suínos por água e alimento. Além disso, transmitem doenças como a peste suína clássica e a tuberculose bovina, colocando em risco a sanidade do rebanho.
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Segurança alimentar: prejuízos bilionários na produção de grãos e proteínas afetam não só o agronegócio, mas também consumidores, com risco de alta nos preços de alimentos.
Debate sobre o controle
O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Pedro Lupion (PP-PR), tem defendido mais rigor no manejo:
“A gente não está tratando de extinguir uma espécie da fauna brasileira que precisa ser preservada. O javali não é daqui, foi trazido. Estamos falando de uma praga que destrói lavouras, infecta o gado e traz grave risco à população do interior do Brasil”, disse Lupion.
Por outro lado, caçadores credenciados pelo Ibama relatam entraves burocráticos para obter autorizações, enquanto ambientalistas pedem regras mais claras para evitar maus-tratos e garantir segurança em operações de controle.
Perigo também para comunidades rurais
Além do impacto econômico, há risco direto para pessoas. Animais adultos ultrapassam 200 quilos, possuem presas afiadas e são extremamente agressivos quando acuados. Agricultores, trabalhadores rurais e cães de caça já sofreram ataques de javalis, principalmente no Sul e no Centro-Oeste.