Pacote lançado pelo Governo Federal inclui perdão de dívidas de R$ 12 bilhões e programa Solo Vivo para 100 mil produtores

O governo federal anunciou um robusto pacote de medidas de apoio ao agronegócio brasileiro, totalizando R$ 32 bilhões em recursos. O conjunto de ações inclui renegociação de dívidas de R$ 12 bilhões, o lançamento do programa Solo Vivo e o Plano Brasil Soberano para enfrentar as novas tarifas americanas.

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Durante coletiva de imprensa, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, detalhou as três principais frentes de atuação do governo para fortalecer o setor agropecuário nacional em meio aos desafios climáticos e comerciais.

A Medida Provisória 1.314/2025, publicada na sexta-feira (5) em edição extraordinária do Diário Oficial da União, representa o maior programa de renegociação de dívidas rurais dos últimos anos. Com R$ 12 bilhões em recursos diretos, a medida pode atingir até R$ 32 bilhões quando somados os incentivos bancários.

“O presidente Lula editou uma MP com R$ 12 bilhões para renegociação de dívidas e, além disso, incentivos para que os bancos ampliem a operação em até R$ 20 bilhões”, explicou Fávaro.

A iniciativa visa atender principalmente pequenos e médios agricultores prejudicados por secas e enchentes nos últimos cinco anos. Para ter direito ao benefício, os produtores devem comprovar perdas de safra e estar localizados em municípios que decretaram calamidade pelo menos duas vezes no período.

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Condições do financiamento:

  • Prazo de pagamento: até 9 anos
  • Carência: 1 ano
  • Juros diferenciados por porte do produtor:
  • 6% ao ano para pequenos produtores
  • 8% ao ano para médios produtores
  • 10% ao ano para demais produtores

Limites de crédito por categoria:

  • Agricultores familiares (Pronaf): até R$ 250 mil
  • Médios produtores (Pronamp): até R$ 1,5 milhão
  • Demais produtores rurais: até R$ 3 milhões

Programa Solo Vivo se expande nacionalmente

O Programa Solo Vivo, desenvolvido em parceria com a Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Estado de Mato Grosso (Fetagri-MT) e o Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), recebeu investimento de R$ 42,8 milhões na primeira fase.

A iniciativa atende entre 800 e 1.000 famílias agricultoras em assentamentos de 10 municípios de Mato Grosso, focando na recuperação de solos degradados e no fortalecimento da agricultura familiar.

“Mais recentemente lançamos o Solo Vivo no Amapá. Todos os 17 municípios amapaenses terão solo vivo”, anunciou o ministro, confirmando a expansão do programa para São Paulo, com quatro novos assentamentos.

Brasil Soberano: escudo contra tarifas americanas

Em resposta à decisão dos Estados Unidos de elevar em até 50% as tarifas sobre produtos brasileiros, o governo lançou o Plano Brasil Soberano, estruturado em três eixos estratégicos:

  1. Fortalecimento do setor produtivo:

  • R$ 30 bilhões do Fundo Garantidor de Exportações (FGE)
  • Linhas de crédito com taxas acessíveis
  • Suspensão de tributos para exportadores
  • Ampliação do programa Reintegra
  1. Proteção aos trabalhadores:

  • Monitoramento de empregos no setor
  • Facilitação de compras públicas de alimentos
  1. Diplomacia comercial:

  • Diversificação de mercados internacionais
  • Negociações multilaterais

Estratégia de abertura de mercados supera metas

O ministro Fávaro revelou que o Brasil já abriu 426 novos mercados para produtos agropecuários desde o início do governo Lula, mais que dobrando a meta inicial de 200 mercados.

Foto: Divulgação – Mapa

“O presidente chega e me fala: ‘Ó, Fávaro, quero 200 novos mercados abertos. Eu vou percorrer o mundo estabelecendo boas relações de amizade e você boas relações comerciais'”, relatou o ministro sobre a estratégia de diversificação comercial.

Defesa sanitária demonstra eficiência internacional

O Brasil também se destacou na área de defesa agropecuária ao controlar rapidamente um surto de influenza aviária no Rio Grande do Sul. Em apenas 28 dias, o país recuperou o status de livre da doença, recebendo reconhecimento da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA).

Outro marco importante foi o reconhecimento do Brasil como livre de febre aftosa sem vacinação, certificação aguardada por mais de 60 anos e que abre novos mercados para a carne bovina brasileira.

Impacto no agronegócio nacional

As medidas anunciadas representam um investimento estratégico no setor que responde por mais de 25% do PIB brasileiro e é responsável pelo superávit na balança comercial do país. Com essas ações, o governo busca manter a competitividade do agronegócio brasileiro no mercado internacional, especialmente diante dos crescentes desafios comerciais e climáticos.

O pacote de medidas deve beneficiar diretamente centenas de milhares de produtores rurais em todo o país, desde agricultores familiares até grandes produtores, fortalecendo a cadeia produtiva nacional e garantindo a segurança alimentar do Brasil.