A primeira reestimativa da safra de laranja 2025/26 mostra queda na produção do cinturão citrícola de São Paulo e Minas Gerais. O levantamento do Fundecitrus, divulgado nesta quarta-feira (10), prevê 306,74 milhões de caixas de 40,8 kg.

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O volume representa redução de 2,5% frente à estimativa inicial de maio, que projetava 314,6 milhões de caixas. A retração ocorre pelo aumento da queda de frutos. O Fundecitrus atribui o cenário ao avanço do greening, doença que compromete a copa das árvores, aliado ao ritmo mais lento da colheita.

Clima reduziu produtividade

Dados da Climatempo mostram que entre maio e agosto choveu 94 milímetros no cinturão citrícola, 33% abaixo da média histórica. Apenas São José do Rio Preto registrou precipitação acima do normal, com 21% de excesso.
Apesar disso, as chuvas de abril e junho garantiram umidade suficiente no solo. O peso médio das variedades precoces Hamlin, Westin e Rubi ficou em 134 g, mantendo 305 frutos por caixa.

As demais variedades precoces tiveram redução. O peso caiu de 158 g (259 frutos por caixa) para 150 g (272 frutos por caixa). Já a variedade Pera deve se beneficiar das chuvas de primavera, aumentando de 154 g para 156 g. A projeção indica estabilidade no tamanho médio das variedades Valência, Folha Murcha e Natal.

Colheita segue mais lenta

Até meados de agosto, a colheita alcançou apenas 25% da safra, contra 50% no mesmo período do ano passado.
As variedades precoces Hamlin, Westin e Rubi chegaram a 68%, enquanto outras precoces somaram 75%. A colheita da Pera atingiu 17%. Entre as tardias, Valência e Folha Murcha ficaram em 1%, e Natal em 2%.

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O atraso decorre da alta concentração de frutos da segunda florada. Os citricultores priorizam a maturação adequada para garantir suco de melhor qualidade. Essa espera aumentou a queda prematura, principalmente em árvores com greening, baixo índice de chuvas e temperaturas mais baixas.

Greening eleva queda de frutos

A taxa de queda de frutos, projetada em 20% em maio, subiu para 22% nesta reestimativa. A perda é maior nas regiões Sul, Centro e Sudoeste, onde a doença tem maior incidência.
O diretor-executivo do Fundecitrus, Juliano Ayres, destaca que a severidade média do greening no cinturão cresceu de 19% em 2024 para 22,7% em 2025. Essa evolução reduziu em cerca de 35% o potencial produtivo da região. “Esse avanço da severidade aumenta a queda prematura de frutos e determina a redução da safra”, afirmou Ayres.

A Pesquisa de Estimativa de Safra (PES) é realizada pelo Fundecitrus em parceria com o professor aposentado da FCAV/Unesp José Carlos Barbosa.