Resumo da notícia
- O abacaxi destaca-se no agronegócio brasileiro, com produção de 1,59 milhão de frutos em 63 mil hectares e valor de R$ 3,9 bilhões em 2023, sendo a quarta fruta em contribuição para o PIB agrícola nacional.
- O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de abacaxi, atrás apenas da Costa Rica e Indonésia, com cultivo distribuído por todas as regiões do país e forte demanda interna.
- A cultura do abacaxi oferece alta lucratividade, entre 35% e 55%, com produção orgânica irrigada superando em 35% a produtividade convencional, atraindo produtores rurais, inclusive de pequenas propriedades.
- Preços do abacaxi têm alta volatilidade influenciada pelo clima, podendo dobrar em períodos de estiagem, o que cria oportunidades de rentabilidade para produtores que mantêm oferta regular nesses momentos.
O abacaxi se consolida como uma das culturas mais promissoras do agronegócio brasileiro, ocupando posição de destaque no cenário econômico nacional. Com características únicas que combinam sabor tropical exótico e potencial produtivo elevado, a fruta vem atraindo cada vez mais produtores em busca de alternativas rentáveis no campo.
O país figura entre os três maiores produtores mundiais de abacaxi, ficando atrás apenas da Costa Rica e Indonésia. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2023 o Brasil produziu mais de 1,59 milhão de frutos, cultivados em aproximadamente 63 mil hectares, com rendimento médio de 24,8 frutos por hectare.
A abacaxicultura brasileira se distribui por todas as regiões do país, demonstrando a versatilidade adaptativa da cultura. O valor da produção atingiu aproximadamente R$ 3,9 bilhões em 2023, posicionando o abacaxi como a quarta fruta em valor no PIB agrícola nacional.
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Praticamente toda essa produção é absorvida pelo mercado interno, sinalizando forte demanda doméstica.
Vantagens competitivas para o produtor
A cultura do abacaxi apresenta características especialmente atrativas para empreendedores rurais. A lucratividade do negócio pode variar entre 35% e 55%, segundo análises setoriais, representando margem bastante competitiva no agronegócio. Pequenas propriedades podem gerar receitas significativas: áreas de apenas 4 mil metros quadrados chegam a render até R$ 80 mil por safra.
O diferencial do cultivo orgânico vem chamando atenção dos produtores. Pesquisas da Embrapa demonstram que o abacaxi orgânico irrigado por microaspersão alcança produtividade média de 49 toneladas por hectare, superando em 35% a média do sistema convencional brasileiro, que registra 36,14 t/ha.
A Paraíba, segundo maior produtor nacional, exemplifica o potencial econômico da cultura. O estado garante faturamento médio superior a R$ 345 milhões anuais com produtividade de 30.689 frutos por hectare, demonstrando a viabilidade comercial mesmo em regiões com desafios climáticos.
Cenário de preços e mercado
O mercado do abacaxi apresenta volatilidade característica dos produtos agrícolas, influenciada principalmente por fatores climáticos. Durante períodos de estiagem e altas temperaturas, os preços podem experimentar aumentos significativos. Em 2024, por exemplo, condições climáticas adversas fizeram o preço do abacaxi saltar de R$ 5 para R$ 9 em alguns mercados.

Essa oscilação, embora represente desafio para consumidores, pode significar oportunidade adicional de rentabilidade para produtores que conseguem manter oferta regular durante períodos de escassez.
Benefícios nutricionais impulsionam demanda
O abacaxi conquistou reconhecimento não apenas pelo sabor característico, mas também por seu perfil nutricional diferenciado. A fruta é rica em vitamina C, manganês e bromelina – enzima com propriedades anti-inflamatórias e digestivas. Contém ainda vitaminas do complexo B, potássio e fibras alimentares.
Estudos científicos apontam que o consumo regular de abacaxi pode contribuir para o fortalecimento do sistema imunológico, melhoria da digestão e redução de processos inflamatórios no organismo. A bromelina, em particular, tem sido objeto de pesquisas por seus potenciais efeitos terapêuticos.
Desafios típicos da fruticultura tropical
O setor enfrenta desafios típicos da fruticultura tropical, incluindo dependência de condições climáticas e necessidade de investimentos em tecnologia de irrigação. No entanto, iniciativas de capacitação técnica e apoio governamental vêm fortalecendo a cadeia produtiva.
A região Norte Pioneiro do Paraná, com apoio do IDR-Paraná, desenvolveu projeto exitoso de abacaxi orgânico, contando atualmente com 150 mil pés conduzidos no sistema orgânico. A produção, colhida durante o verão quando os frutos apresentam maior concentração de açúcares, tem encontrado mercado receptivo para produtos diferenciados.
O agronegócio do abacaxi no Brasil caminha para consolidação como alternativa sustentável e rentável. A combinação de demanda interna robusta, potencial de exportação e margens atrativas posiciona a cultura como opção estratégica para diversificação produtiva.
Investimentos em pesquisa e desenvolvimento, especialmente em variedades adaptadas e técnicas de cultivo sustentável, prometem ampliar ainda mais as oportunidades do setor. Assim, o abacaxi brasileiro, com sua doçura característica e potencial econômico comprovado, segue conquistando espaço tanto nas mesas dos consumidores quanto nos planejamentos dos produtores rurais.