Parceria entre MCTI e Universidade Agrícola da China vai desenvolver máquinas e tecnologias para agricultura familiar do Nordeste
Foto: Divulgação

Brasil e China lançaram a pedra fundamental de um laboratório voltado ao desenvolvimento de inteligência artificial e maquinário agrícola de pequeno porte destinado à agricultura familiar do semiárido brasileiro. A cerimônia ocorreu na Universidade Agrícola da China (CAU), em Pequim, e simboliza uma nova fase na cooperação científica entre os dois países, que buscam alinhar inovação e sustentabilidade.

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O Laboratório Brasil-China de Mecanização e Inteligência Artificial na Agricultura Familiar funcionará no Instituto Nacional do Semiárido (Insa), em Campina Grande (PB). O órgão, vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), concentrará pesquisas sobre monitoramento ambiental, análise de dados e mecanização inteligente, sempre voltadas às necessidades dos pequenos produtores da região.

Além de reduzir desigualdades regionais, o projeto pretende gerar soluções de baixo custo e alto impacto. Dessa forma, busca ampliar a produtividade sem comprometer os recursos naturais do semiárido.

Complementaridade entre gigantes agrícolas

A parceria une dois gigantes agrícolas em diferentes estágios de desenvolvimento. Enquanto o Brasil oferece experiência prática em agricultura tropical, a China contribui com tecnologia avançada, capacidade industrial e ritmo acelerado de inovação.

Segundo Dayvid Santos, coordenador-geral de Tecnologia Social e Economia Solidária do MCTI, a colaboração representa uma oportunidade histórica. “O Brasil, como um dos maiores produtores de alimentos do mundo, traz sua vasta experiência em agricultura tropical, seu conhecimento em solos e biomas diversos, e a força de seus produtores rurais”, afirmou. “A China, por sua vez, traz sua impressionante capacidade de inovação, sua manufatura de alta tecnologia e sua velocidade na adoção de novas soluções digitais. Somos, portanto, parceiros naturais e complementares”, completou.

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Essa integração, acrescentou Santos, permitirá desenvolver tecnologias que unam eficiência produtiva e sustentabilidade ambiental — combinação essencial para enfrentar as mudanças climáticas.

Avanço para o semiárido brasileiro

Para Etham Barbosa, diretor do Insa, o laboratório inaugura um novo ciclo de pesquisa aplicada e formação científica no Nordeste. “Com o laboratório, poderemos explorar melhor a região, que é tão rica em recursos naturais. Além disso, vamos promover o desenvolvimento de tecnologias para a agricultura familiar, baseadas em mecanização, inteligência artificial, digitalização, formação de pesquisadores e construção de capacidade para pesquisa científica”, explicou.

Barbosa ressaltou que o Insa atuará como ponto de convergência entre universidades, startups e produtores locais. Assim, o conhecimento científico poderá se transformar mais rapidamente em inovação prática no campo.

Cooperação consolidada

O projeto é resultado de um memorando de entendimento assinado entre o MCTI e o Ministério da Ciência e Tecnologia da República Popular da China. O documento foi elaborado em novembro de 2024, durante a visita do presidente Xi Jinping ao Brasil. Desde então, ambos os governos vêm intensificando o intercâmbio de pesquisadores e o compartilhamento de dados sobre mecanização adaptada ao clima semiárido.

O Insa será responsável pela gestão e coordenação das atividades, enquanto a Universidade Agrícola da China fornecerá suporte técnico e equipamentos de pesquisa. O lançamento da pedra fundamental ocorreu durante o Simpósio de Modelos de Desenvolvimento dos Países da Iniciativa Cinturão e Rota, que reforçou o compromisso de cooperação científica e tecnológica entre as nações.

Com o novo laboratório, Brasil e China fortalecem os laços diplomáticos e renovam a esperança de que a tecnologia transforme o semiárido em um território fértil e produtivo.