Resumo da notícia
- As tarifas de importação dos EUA sobre a piscicultura brasileira elevaram de 10% para 50%, causando queda de 28% na receita e 26% no volume das exportações no terceiro trimestre de 2025 em comparação com 2024.
- As exportações ao principal mercado, os Estados Unidos, caíram 32%, afetando principalmente a tilápia, que representa 99% das vendas para o país norte-americano.
- O setor enfrenta concorrência interna com a importação de filé de tilápia do Vietnã, comercializado a preços muito inferiores aos nacionais, pressionando o mercado interno.
- A busca por novos mercados é difícil, especialmente com o mercado europeu ainda fechado para o pescado brasileiro, tornando o futuro do setor dependente da manutenção ou revogação das tarifas dos EUA.
As novas tarifas de importação que os Estados Unidos impuseram aos produtos da piscicultura brasileira provocaram um tombo nas exportações do setor. No terceiro trimestre de 2025, a receita com as vendas externas encolheu 28% na comparação com o mesmo período de 2024. Em volume, a queda foi de 26%, segundo o Informativo de Comércio Exterior da Piscicultura, publicado pela Embrapa Pesca e Aquicultura em parceria com a Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR).

O período de julho a setembro registrou os piores resultados do ano, com o Brasil exportando pouco menos de 3.000 toneladas de peixe. Os números mensais mostram uma queda acentuada logo após o início da tarifa em agosto. As exportações, que foram de 1.390 toneladas (US$ 5,7 milhões) em julho, despencaram para pouco mais de 800 toneladas (US$ 3,9 milhões) em agosto e chegaram a menos de 780 toneladas (US$ 3,7 milhões) em setembro.
Queda é mais acentuada no principal mercado
O impacto foi ainda mais severo nos Estados Unidos, principal destino da piscicultura brasileira, onde as vendas caíram 32%. A tilápia responde por 99% dessas exportações. Manoel Pedroza, pesquisador da Embrapa e responsável pelo relatório, explica que especialistas esperavam uma queda maior, mas algumas empresas mantiveram parte das vendas mediante negociações com importadores norte-americanos.
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“No entanto, alguns exportadores afirmam não ser possível manter essas negociações no longo prazo. Caso o ‘tarifaço’ continue, é provável que haja uma redução maior nas vendas no último trimestre de 2025”, contextualiza Pedroza. A tarifa sobre o pescado brasileiro saltou de 10% para 50%.
Concorrência interna e busca por novos mercados
Além do desafio externo, o setor também enfrenta uma ameaça interna. O relatório destaca a importação de filé de tilápia do Vietnã, que totalizou US$ 195 mil e 48 toneladas. Parte desse produto chegou ao Brasil ao preço de R$ 16,70/kg, valor bem inferior aos R$ 31,00 praticados pelo filé de tilápia nacional.
Enquanto isso, a busca por mercados alternativos esbarra em dificuldades. “Os exportadores tentam buscar novos mercados, mas isso leva tempo. É difícil encontrar outros países que absorvam o mesmo volume de tilápia que era exportado para os Estados Unidos, principalmente considerando que o mercado europeu continua fechado para o pescado do Brasil”, projeta Manoel Pedroza. O futuro do setor, portanto, depende diretamente da manutenção ou revogação das tarifas norte-americanas.