Resumo da notícia
- O Brasil manteve-se como maior exportador mundial de carne bovina em 2025, alcançando volumes históricos mesmo após aumento das tarifas americanas que prejudicaram sua competitividade nos EUA.
- A diversificação de mercados foi crucial, com China respondendo por quase 60% das importações e México superando os EUA como segundo maior comprador, além de crescimento em Indonésia, Rússia e Oriente Médio.
- Em agosto, o país exportou 268 mil toneladas, alta de 23,5% em relação a 2024, e acumula 1,8 milhão de toneladas no ano, caminhando para superar o recorde histórico anual de 2,5 milhões de toneladas.
- No mercado interno, o fim de 2025 apresenta alta demanda pela carne bovina devido a fatores sazonais e redução da oferta de frango, reforçando seu protagonismo nas celebrações e consumo doméstico.
O Brasil consolidou sua posição como maior exportador mundial de carne bovina em 2025, superando obstáculos comerciais e alcançando volumes históricos. Segundo análise da StoneX, empresa global de serviços financeiros, o país demonstra resiliência mesmo após a imposição de tarifas elevadas pelos Estados Unidos.
Em julho de 2025, os Estados Unidos aumentaram as tarifas sobre a carne bovina brasileira de 26,4% para 76,4%, reduzindo drasticamente a competitividade do produto. A medida favoreceu concorrentes como Austrália e Canadá no mercado americano, avaliado em mais de US$ 1 bilhão anuais.
“Apesar disso, os dados de agosto revelaram a força do setor: o Brasil registrou o maior volume mensal de exportações de carne bovina de sua história”, afirma Larissa Barbosa Alvarez, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
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China e México lideram demanda por carne brasileira
A diversificação de mercados foi fundamental para o sucesso brasileiro. A China ampliou sua participação para quase 60% das compras, impulsionada pela antecipação de estoques para o Ano Novo Lunar.
O México surpreendeu ao superar os Estados Unidos como segundo maior comprador em junho, triplicando suas aquisições em relação a 2024. Outros mercados emergentes também ganharam destaque:
- Indonésia: aumento de seis vezes nas compras
- Rússia, Chile e Filipinas: crescimento expressivo
- União Europeia e Oriente Médio: expansão consistente
Números comprovam momento histórico
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), o Brasil exportou 268 mil toneladas de carne bovina em agosto, crescimento de 23,5% em relação a agosto de 2024.
No acumulado de janeiro a agosto, os embarques somaram 1,8 milhão de toneladas, contra 1,5 milhão no mesmo período de 2024. Com esse ritmo, o país deve superar o recorde histórico de 2,5 milhões de toneladas exportadas em 2024.
O último trimestre de 2025 apresenta cenário favorável para o consumo doméstico. Fatores sazonais como comemorações de fim de ano e pagamento do décimo terceiro salário ampliam o poder de compra das famílias.
“A carne bovina, por seu valor simbólico e cultural, mantém-se como protagonista nas celebrações”, destaca Larissa Alvarez.
A competição entre proteínas também favorece a carne bovina. Após a recuperação dos preços do frango, a oferta interna dessa proteína reduziu, reforçando a atratividade da carne bovina no mercado doméstico.
Oferta e estratégia de abate
O último trimestre é marcado pelo início da estação de monta e maior disponibilidade de animais terminados em confinamento, especialmente para demanda asiática.
Segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA), cerca de 40% dos abates concentram-se em animais com menos de 24 meses. As escalas de abate estão mais longas, refletindo contratos antecipados pelos frigoríficos.
“A capacidade de redistribuição geográfica da oferta, somada à flexibilidade logística e à eficiência operacional da indústria brasileira, evidencia a maturidade do setor exportador”, conclui Larissa Alvarez.
Mesmo diante de incertezas comerciais, o Brasil mantém-se como referência global em qualidade, volume e confiabilidade na produção de carne bovina, preparando-se para consolidar novo recorde histórico em 2025.