Fiscalização detecta praga em ação de rotina; carga será fumigada e destruída. Brevipalpus chilensis ataca mais de 40 espécies de plantas, incluindo laranja e kiwi
Foto: Rodrigo Martins/Mapa

Uma carga de cerejas chilenas escondia o Brevipalpus chilensis, um ácaro quarentenário que pode causar estragos monumentais na agricultura brasileira. Uma equipe do Vigiagro bloqueou a ameaça no Aeroporto Internacional de Guarulhos.

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O alerta veio na segunda-feira (10), quando o Ministério da Agricultura e Pecuária divulgou o laudo laboratorial confirmando a presença da praga. Mais de 1.120 quilos de cerejas frescas vindas do Chile serão fumigadas nos próximos dias e depois destruídas. Não tem negociação quando o assunto é proteger os vinhedos, pomares de citros e outras culturas nacionais.

Detecção aconteceu em inspeção rotineira

No dia 6, fiscais do Vigiagro realizavam uma ação de rotina quando detectaram o invasor microscópico. As cerejas foram levadas pra sala de inspeção, onde amostras foram coletadas. A suspeita inicial logo se confirmou nos laboratórios da rede oficial do Mapa.

Foto: Allan Zubiate/Mapa

O falso ácaro vermelho chileno existe apenas no Chile e na província argentina de Rio Negro, ao norte da Patagônia. Mas seu apetite é voraz e democrático: ataca cerca de 40 espécies de plantas, desde frutíferas até ornamentais e florestais.

Uvas, citros e kiwis na mira

Entre os alvos preferidos do Brevipalpus chilensis estão culturas economicamente vitais pro Brasil. Uva, limão, laranja, kiwi e cherimoia (aquela fruta andina da família da fruta-do-conde) encabeçam a lista negra. Figo e caqui também não escapam.

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“A cultura da uva possui duas pragas quarentenárias ausentes consideradas prioritárias”, explica o Departamento de Sanidade Vegetal do Mapa em parceria com a Embrapa. O falso ácaro vermelho chileno é uma delas. A outra é a traça-da-uva (Lobesia botrana), conhecida como traça-europeia-dos-cachos-da-videira.

Perdas de 30% nos parreirais chilenos

Os números do Chile assustam. Nos meses mais quentes, o Brevipalpus chilensis causa perdas de até 30% nos parreirais. Portanto, um prejuízo que o Brasil não pode se dar ao luxo de importar junto com frutas frescas.

A legislação brasileira é clara e a resposta, rápida. Fumigar e destruir a carga inteira pode parecer drástico, mas é a única forma de garantir que pragas ausentes não se estabeleçam no país. O risco fitossanitário é elevado demais pra qualquer tipo de gambiarra.

O Vigiagro atua justamente pra isso: interceptar ameaças antes que atravessem a fronteira invisível entre cargas internacionais e o território nacional. Desta vez, funcionou. Mais de mil quilos de cerejas vão pro lixo, mas os vinhedos brasileiros continuam seguros.

Por enquanto.