A podridão da uva madura, causada pelo fungo Glomerella cingulata, atingiu níveis alarmantes na última safra em São Paulo, com perdas de até 100%. Em resposta, Embrapa Territorial, prefeituras e o setor produtivo se uniram para elaborar um plano emergencial.
A podridão da uva madura tem devastado os vinhedos do Circuito das Frutas Paulista, que abrange dez municípios de São Paulo. Esse fungo encontra condições ideais para se desenvolver, como temperaturas entre 25 °C e 30 °C e alta umidade. Os danos chegaram a um nível crítico na última safra, com perdas variando entre 30% e 100%.
A primeira fase do plano envolve a coleta de amostras do patógeno para análise no Laboratório de Fitopatologia da Embrapa Uva e Vinho, em Bento Gonçalves (RS). Especialistas instalarão ensaios em propriedades selecionadas e acompanharão os resultados, focando em práticas de manejo integrado e controle biológico e químico.
O analista da Embrapa, Rafael Mingoti, destaca a importância da união das instituições para ajustar práticas de controle da doença, desde tratamentos de inverno até a aplicação de indutores de resistência. A primeira fase do plano consiste na seleção de produtores receptivos à instalação de ensaios de controle da podridão da uva madura. No início de julho, especialistas visitaram propriedades em municípios como Jundiaí, Louveira e Itatiba para conversar com os proprietários e coletar amostras.
Impacto Econômico
A podridão da uva madura não afeta apenas a produção, mas também a economia local. Em Jundiaí, conhecida como a Terra da Uva, a doença comprometeu a produção de uvas Niagara Rosada, essenciais para a Festa da Uva e o turismo rural. Produtores relatam perdas significativas, com muitos sendo forçados a buscar outros meios de subsistência.
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Alguns produtores, como Anderson Tomazetto, têm conseguido controlar a doença com práticas de manejo integradas e tratamento adequado. Ele relata ter visto os primeiros sintomas há quatro anos, mas só recentemente a podridão causou grandes prejuízos. Orientado pela Embrapa, ele adotou práticas de manejo e obteve bons resultados, mostrando que o combate ao fungo é possível com as medidas certas.
O conjunto de ações propostas visa reduzir a pressão do patógeno nos vinhedos e diminuir a taxa de infecção ao longo das safras. A Embrapa e os especialistas esperam que essas medidas devolvam a confiança dos produtores nas práticas de manejo e garantam a continuidade da produção de uvas no Circuito das Frutas Paulista.
O plano emergencial é crucial para conter a podridão da uva madura e proteger a economia e o turismo das regiões produtoras de uva em São Paulo. A colaboração entre Embrapa, prefeituras e produtores é fundamental para enfrentar esse desafio e garantir a sustentabilidade da viticultura na região.