Um estudo realizado pela Embrapa Meio Ambiente analisou o impacto da recuperação de pastagens degradadas no sudeste do Brasil sobre o balanço de carbono e as emissões de gases de efeito estufa (GEE). Realizado ao longo de cinco anos, a pesquisa abrangeu desde uma pastagem degradada até sua renovação com fertilização nitrogenada, destacando os desafios na implementação de programas de créditos de carbono em pastagens.
O levantamento alerta para os desafios da implementação de programas de créditos de carbono em pastagens. E destaca que fatores como mudanças nas práticas agrícolas e eventos climáticos extremos podem comprometer a eficácia e a permanência do sequestro de carbono.
Impacto da recuperação de pastagens
De acordo com Osvaldo Cabral, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente que coordenou o experimento, a assimilação de dióxido de carbono observada na pastagem degradada não compensou o carbono removido pelo pastejo. Dessa forma, contribui para a continuidade do processo de degradação do solo.
Por outro lado, a pastagem reformada e adubada conseguiu fixar carbono a uma taxa superior à meta estabelecida pela Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) do Brasil. No entanto, essa taxa não foi suficiente para neutralizar as emissões geradas durante o processo de renovação, quando o solo foi arado e permaneceu sem cobertura.
Importância do monitoramento e práticas de manejo
O estudo enfatiza a importância do monitoramento contínuo do balanço de dióxido de carbono, principalmente em anos de baixa precipitação. Isso ajuda a avaliar o impacto das práticas de manejo sobre as emissões líquidas de GEE, incluindo óxido nitroso e metano.
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A adoção de práticas adequadas de manejo pode evitar e até reverter a degradação das pastagens, melhorando a capacidade de armazenamento de carbono e contribuindo com os compromissos climáticos do Brasil.
Política de Agricultura de Baixo Carbono e desafios futuros
A pesquisa destaca o papel crucial da Política de Agricultura de Baixo Carbono (ABC) do Governo brasileiro, que visa recuperar milhões de hectares de pastagens degradadas. No entanto, apenas um terço das áreas-alvo foi reabilitado, e a falta de monitoramento formal dificulta a avaliação dos impactos.
Para o novo ciclo do Plano ABC+ (2020-2030), o foco será a governança e o uso de critérios científicos para mensuração e relatórios. Isso visa superar os desafios identificados no estudo e potencializar os benefícios da recuperação de pastagens no sudeste do Brasil.
Os resultados completos do estudo estão disponíveis na publicação “Eddy covariance fluxes of greenhouse gasses observed in a renewed pasture in the southeast of Brazil”.
Com esse estudo, fica evidente a necessidade de práticas contínuas e bem monitoradas para alcançar uma recuperação sustentável das pastagens. E sua importancia para contribuir significativamente para a mitigação das mudanças climáticas.