Nos últimos anos, os investimentos em logística voltada ao agronegócio têm se intensificado, trazendo otimismo para o setor. O setor, estratégico para a economia nacional, tem registrado recordes sucessivos de produção e exportação.
No entanto, o avanço no escoamento dessa produção ainda enfrenta desafios relacionados à infraestrutura de transporte. Esse é um gargalo histórico que impacta diretamente a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional.
De acordo com o Plano Nacional de Logística (PNL), a diversificação dos modais de transporte, a ampliação da capacidade portuária e a modernização das rodovias são ações prioritárias para acompanhar o crescimento da produção agrícola e pecuária.
Integração dos modais
Uma das principais apostas para a melhoria da logística no agronegócio é a maior integração entre os modais rodoviário, ferroviário e hidroviário. Historicamente, o Brasil depende excessivamente do transporte rodoviário, responsável por cerca de 65% do escoamento da produção agrícola, o que resulta em custos elevados e maior vulnerabilidade às condições das estradas.
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Nos últimos anos, o setor ferroviário tem recebido atenção especial. Projetos como a Ferrovia Norte-Sul e a ampliação da Malha Central, além da implementação de novas concessões, prometem oferecer alternativas mais eficientes e menos onerosas para o transporte de grãos e outras commodities. Já o modal hidroviário, embora subutilizado, também está sendo incrementado, com obras de dragagem e a construção de terminais nos principais rios do País, como o Tocantins e o Tapajós.
Expansão da capacidade portuária
Os portos brasileiros, responsáveis pelo escoamento de cerca de 95% das exportações do agronegócio, estão passando por processos de modernização e ampliação. Terminais privados têm se destacado na busca por eficiência e redução de custos logísticos.
A ampliação do Porto de Santos, principal ponto de exportação do País, e os avanços em portos do Arco Norte, como Miritituba e Itacoatiara, têm permitido um escoamento mais ágil e menos dependente das longas rotas do Sudeste.
A participação do setor privado tem sido crucial para impulsionar melhorias na logística. Investimentos em armazéns próximos às áreas de produção, terminais intermodais e frota especializada ajudam a reduzir perdas e custos durante o transporte. Além disso, tecnologias como o uso de inteligência artificial para gestão de rotas e rastreamento em tempo real das cargas têm ganhado espaço, otimizando o fluxo de mercadorias.
Empresas projetam crescimento
A RTE Agro, parte do Grupo Rodonaves e especializada nesse setor, projeta um crescimento significativo de 29% em seu faturamento para 2025. Para 2024, a expectativa é de um aumento de 27% em relação ao resultado de 2023.
A empresa atende mais de 150 clientes e possui operações em Ribeirão Preto (SP), São Paulo (SP) e Curitiba (PR), oferecendo serviços em todo o território nacional. O setor agrícola é particularmente ativo no transporte de defensivos agrícolas, agroquímicos, fertilizantes e maquinários.
A parceria com empresas como a Ourofino Agrociência destaca a importância da logística especializada. A Ourofino utiliza os serviços da RTE Agro para distribuir sua linha de defensivos agrícolas, que exige uma logística cuidadosa devido à sua natureza sensível e às rigorosas exigências regulatórias.
“Buscamos sempre oferecer as soluções mais eficientes para os nossos clientes. Contamos com um portfólio que atende praticamente todas as áreas do agronegócio. E temos uma das frotas mais novas do mercado, com idade média de dois anos e veículos Euro 6. Eles reduzem em até 95% as emissões de gases poluentes”, afirma Paulo Nogueira, diretor de Soluções Logísticas da Rodonaves.
A parceria com a Ourofino foi fundamental para aprimorar a agilidade nas operações de distribuição, garantindo um fluxo constante de produtos para filiais e clientes finais. Além disso, a RTE Agro alcançou um índice impressionante de 99,8% de pontualidade nas entregas.
“Iniciamos a parceria com a Rodonaves em abril de 2022 para atender demandas de distribuição de defensivos agrícolas. A decisão foi motivada pela necessidade de melhorar a eficiência logística. Garantindo entregas mais ágeis e confiáveis em todo o território nacional”, explica Andréa Mujali Ribeiro, Gerente Executiva de Supply Chain da Ourofino Agrociência.
Desafios e oportunidades para o futuro
Com o crescimento contínuo do agronegócio no Brasil, espera-se que melhorias na logística e transporte sejam fundamentais para atender à demanda crescente por produtos agrícolas. As inovações na área prometem não apenas aumentar a eficiência operacional, mas também contribuir para a sustentabilidade do setor.
Apesar dos avanços, desafios importantes permanecem. A qualidade das rodovias ainda é uma preocupação, especialmente nas regiões produtoras, onde o estado das estradas impacta diretamente o custo do transporte.
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Outro ponto crítico é a necessidade de maior planejamento integrado entre os governos federal e estaduais. Isso afim de garantir que as ações sejam coordenadas e atendam às demandas do setor.
Com perspectivas de safras cada vez maiores, o agronegócio brasileiro depende de uma logística eficiente para manter sua competitividade global. A continuidade dos investimentos em infraestrutura e a diversificação dos modais de transporte são fundamentais para assegurar que o Brasil continue a ser um dos líderes mundiais em produção e exportação de alimentos.